Produtor precisou colocar vinhas em taxi para cruzar a fronteira entre os dois países
Redação Publicado em 23/08/2013, às 14h14 - Atualizado às 16h44
"Não é a primeira vez que passamos por isso e não será a última. Você precisa ficar e perseverar. Atravás da resiliência, precisa alcançar o melhor", afirma Karim Saadé, dos Châteaux Bargylus (na Síria) e Marsyas (no Líbano), que lançou o vinho branco Bargylus 2012 em meio às circunstâncias de guerra.
Nem a família Saadé, nem Stéphane Derenoncourt, consultora da vinícola, foi autorizada a cruzar a fronteira para visitar os vinhedos, nem mesmo durante a colheita. "Durante a época de amadurecimento, quando estava no Líbano, as uvas da Síria vinham de taxi", conta Derenoncourt. A cada dois dias, as uvas eram colhidas na Síria, colocadas em caixas com gelo e levadas de carro para o Líbano para serem analisadas pela equipe.
"Tudo é complexo. Se você precisar de barricas, precisa planejar com seis meses de antecedência", diz Derenoncourt. Outro problema foi convencer os trabalhadores a ficar em vez de se juntar ao refugiados que fogem do país, mesmo a família pagando os mesmos valores de antes de o conflito começar (a moeda entrou em colapso com a crise).
Nesse tempo, contudo, a vinícola não foi atacada – talvez por estar longe dos centros urbanos. Apesar da dificuldade de fazer vinho, a família não pensar em deixar o país, assim como os proprietários do Château Kefraya, também no Líbano, que conseguem ver a fronteira com a Síria de seus vinhedos. "Começamos algo [vitivinicultura] e queremos ver isso dar certo", diz o enólogo Fabrice Guiberteau. Segundo Karim Saadé, "o vinho amarra você à terra e você não pode simplesmente pegar as coisas e ir embora".