A prática da vitivinicultura na região do Dão é anterior à nacionalidade portuguesa e proporciona grandes vinhos
Redação Publicado em 08/12/2022, às 09h05
Não é possível determinar com exatidão quando começou a prática da vitivinicultura no Dão. Sabe-se que é anterior à nacionalidade portuguesa, sendo claramente um reflexo das diferentes culturas que foram ocupando diversas zonas da Península Ibérica. Em 18 de Setembro de 1908, uma Carta de Lei estabelece formalmente a Região Demarcada do Dão.
O regulamento para a produção e comercialização dos vinhos aí produzidos surge dois anos volvidos, em 25 de Maio de 1910, com o Decreto regulamentador. Com esta decisão, o Dão tornou-se a primeira região de vinhos não licorosos a ser demarcada e regulamentada no nosso país.
O Dão ficou desde sempre afamado pela produção de vinhos de mesa com um perfil muito particular: vinhos nobres, elegantes, boas escolhas para acompanhar variadas criações gastronómicas, com elevado potencial de guarda e até com algumas semelhanças com a prestigiada região francesa da Borgonha.
Já no século XIX era significativa a exportação de vinhos do Dão para França e Brasil. Todas estas características foram sendo reconhecidas e apreciadas pelos consumidores, com o Dão a assumir-se como região privilegiada no país para a produção de vinho. Às novas práticas vitícolas e às novas tecnologias de vinificação aliou-se um espírito empreendedor de querer fazer melhor, com resultados que têm provado que as novas opções têm sido as mais corretas.
Atualmente, o Dão exporta para 77 Países e tem sido premiados em vários concursos, tendo assim notoriedade quer nacional como internacional. O Dão é um vinho fortemente distintivo tanto pelo carácter que apresenta quanto pela sua elegância.
Destacam-se também pela sua inquestionável capacidade de envelhecimento (aplicável também aos brancos) e a sua evolução na garrafa, resultando em vinhos nobres, elegantes, com elevado potencial de guarda e até, há quem o defenda, com algumas semelhanças com a prestigiada região francesa da Borgonha.
Uma região reconhecida pelo Encruzado, casta-emblema nos brancos da região que proporciona grandes vinhos pela sua invulgar capacidade de envelhecimento e evolução, e pela Touriga Nacional, casta autóctone do Dão, que nos dá vinhos concentrados, frescos e elegantes como só uma região granítica e envolvida por maciços montanhosos pode proporcionar. Para lá de uma altitude média acima dos 400 metros, há por aqui um cruzamento de influências mediterrânica, atlântica e continental, a proporcionar um ambiente que não tem paralelo em qualquer outra região.
E isso reflete-se no conteúdo das garrafas. Os vinhos do Dão são especiais pelo seu terroir e pelas centenárias gerações que produzem vinho na Região e que souberam resistir à introdução de castas internacionais, mantendo as castas autóctones. O clima e solos propícios a vinhos aromáticos, frescos, elegantes e equilibrados e as suas castas tradicionais de qualidade singular, como a Touriga Nacional, no caso dos tintos, ou a Encruzado, nos brancos, entre outras.
Vinhos muito gastronómicos com uma longevidade ímpar. Com a evolução dos tempos, foi também necessário recorrer à promoção da Região e da sua Rota dos Vinhos do Dão através dos meios digitais, tendo para isso sido criada a APP Dão Rota dos Vinhos. Esta aplicação serve para que se possa conhecer a região através de um click, onde é possível conhecer os produtores, os percursos, as suas histórias e atividades, possibilitando ainda a marcação de visitas nas quintas aderentes.