Oliveiras sagradas

A história do azeite de Israel, terra em que o zambujeiro é encontrado e reverenciado desde os tempos bíblicos

João Calderón Publicado em 16/04/2012, às 13h05 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h48

A oliveira e o óleo de oliva desde sempre representam elementos essenciais na cultura e economia de Israel. Essa importância se verifica em diversos trechos do Antigo Testamento. A oliveira representava um símbolo de beleza e fecundidade.

As famosas oliveiras do Getsêmani, um dos símbolos de Israel

Como bem descrito na Bíblia, as grandes riquezas de Israel eram trigo, vinho e azeite, que nada mais eram do que a base de sua dieta e as principais fontes de renda do país. Um bom exemplo disso são exportações de azeite de Canaã para Egito e Grécia datadas de mais de 4 mil anos, além das mais antigas prensas de azeitonas, que também foram encontradas em Israel. No tempo da conquista romana da Judéia, o fruto da oliveira e seu óleo eram também as bases da alimentação do povo judeu, mesmo dos menos privilegiados; além de ser o principal combustível para iluminações e utilizado nas unções sagradas.

Durante a época de Jesus Cristo, as oliveiras eram extensamente cultivadas nas proximidades de Jerusalém, representando nada menos que o seu principal produto de exportação. Em uma das parábolas do livro dos Juízes, as árvores pedem à oliveira que reine sobre elas, a qual se recusa, dizendo: “Renunciaria a meu óleo, com que se honram os deuses e os homens, para balançar-me acima das árvores?” (Juízes 9:8-9). Tamanha importância era dada pelos hebreus ao azeite que a possibilidade de produzi-lo valia mais que o cobiçado poder de reinar.

Esses são alguns pequenos exemplos de quão fundamental foi a olivicultura para economia israelense desde os tempos bíblicos e que ainda hoje é lembrada, como no Monte das Oliveiras ou no Jardim de Getsêmani (Gat Shemen, que significa uma prensa de óleo).

Os olivais estão espalhados pelo país, mas a maior concentração é na Galileia, com a variedade Souri

E não se deve esquecer que o nome hebraico da azeitona, zayiit, também semelhante ao aramaico, zaita, e ao árabe, zeituna, foram os responsáveis pelas palavras espanhola e portuguesa que hoje conhecemos, respectivamente, como “aceite” e azeite.

Atualidade
Com um cultivo de aproximadamente 19 mil hectares de oliveiras, Israel é hoje o menor produtor dentre os principais produtores de óleo de oliva do Oriente Médio, atrás da Síria, Jordânia, Palestina e Líbano. Tal situação reflete a sua necessidade em recorrer à esses vizinhos e também à Espanha, Itália e Grécia para satisfazer a demanda interna; uma vez que seu consumo tem sido sempre maior que a produção. Israel produz cerca de 40% de suas necessidades.

Seus olivais estão espalhados por todo o país, porém com maior concentração na Galileia, onde predomina a variedade autóctone Souri, cujo azeite possui aromas herbáceos e paladar com notas de mel, sendo picante e aromático.

No vale de Jezreel, por exemplo, são encontrados, além do cultivar Souri, as variedades Barnea e Nabali. A Barnea, que no princípio era desenvolvida em Israel, hoje se internacionalizou, sendo cultivada na Austrália, por exemplo. Ela possui uma produtividade acima da média, gerando um óleo de oliva extravirgem adocicado, levemente frutado e com aroma herbáceo. A Nabali é também bastante produtiva, originando um azeite mais leve que os produzidos a partir dos outros cultivares de Israel. Algumas variedades internacionais são também produzidas por lá, sendo a principal delas a espanhola Manzanilla, muito utilizada para o cultivo de azeitonas de mesa.