ADEGA degustou 20 grandes ícones chilenos e todos receberam 91 pontos ou mais e, conforme o padrão de ADEGA, 13 foram considerados ótimos e 7 extraordinários
Redação Publicado em 02/05/2011, às 14h13 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h47
Ao planejar e preparar a degustação de ícones chilenos para esta edição, foi impossível deixar de se perguntar: “Afinal, o que são vinhos ícones?” Na definição da arte pictórica religiosa, ícone é uma pintura sacra com a representação da mensagem cristã descrita por palavras nos Evangelhos. Nessas representações “sagradas”, as cores carregam importante parte de simbolismo e o vermelho é, sem dúvida, a cor mais viva presente nos ícones. É a cor do humano e do sangue dos mártires, daqueles que preferem entregar a própria vida para aquilo em que acreditam, para que a essência dessa verdade seja preservada. Sendo assim, é justo categorizar como ícones os grandes vinhos que, representando a mensagem sagrada de seus terroirs, foram criados para transcender e trilhar o caminho da busca da perfeição a frente dos demais.
Escolha difícil
Nosso primeiro desafio foi escolher os vinhos que poderiam ostentar a nomeação de ícones sem sombra de dúvida – correndo o risco de deixar alguns dignos do mesmo título de fora, mas de não abrir espaço para a participação de vinhos que não fossem merecedores desse título. Optamos por focar nos tintos, usualmente vinhos que têm maior possibilidade de enfrentar e mesmo evoluir com os anos, e também compararmos cortes e varietais das emblemáticas chilenas Cabernet Sauvignon, Syrah e Carménère, com espaço para outros destaques específicos, como Malbec, por exemplo.
Os selecionados foram: Almaviva 2001, Cabo de Hornos 2006, Carmen Gold Reserve Cabernet Sauvignon 2005, Clos Apalta 2008, De Martino Gran Familia 2006, Domus Aurea 2007, Don Maximiano Founder’s Reserve 2006, Don Melchor 2006, El Principal 2006, EQ Syrah 2008, Herencia Carménère 2007, House of Morandé 2003, Manso de Velasco 2007, Montes Alpha M 2006, Pangea 2006, Santa Helena Don 2008, Santa Rita Casa Real 1995, Seña 2006, Tara. Pakay 2007 e Viu 1 2006.
No momento da verdade, como se comportariam estes ditos “ícones” em uma avaliação as cegas – como é nosso padrão – performada por nossos degustadores Eduardo Milan e Hong Sup Kim? Podemos assegurar que este não foi um dos trabalhos mais difíceis que Milan e Kim enfrentaram na vida, como comprovaram os sorrisos ao final da degustação.
Um único vinho dos 20 vinhos que buscamos não estava disponível para a degustação, e então utilizamos a avaliação, ainda inédita em ADEGA, feita por Luiz Gastão Bolonhez na data do lançamento do vinho no Brasil.
#Q#
Após a degustação de cada flight (grupo de vinhos degustados num conjunto sequencial) e notas dadas, presenciamos a usual troca de impressões sobre os vinhos, mas, desta vez, apenas elogios. Estava claro, pelos comentários e pelas notas, que todos eram gigantes e mereceram estar ali, como representantes do que de melhor seu país poderia oferecer. Todos os vinhos receberam 91 pontos ou mais e, conforme o padrão de ADEGA, 13 foram considerados ótimos e 7 extraordinários.
A princípio, contar com vinhos de todas as safras de 2001 a 2008 – com exceção da safra de 2004 e a presença de um 1995 – impossibilitava a comparação direta entre os vinhos, mas ganhamos muito, pois, mais do que promover um duelo de gigantes, nosso objetivo era ver ser todos mereceriam ou não o título de ícones, além de avaliar as diversas safras, a capacidade de guarda e a dinâmica de evolução.
Os vinhos estavam todos deliciosamente bons para consumo, mas foi surpreendente concluir que os representantes das safras mais antigas se saíram muito bem. Vinhos com até 10 anos, que responderam espetacularmente ao tempo e que prometem ainda bons anos de evolução. Na mente ainda está vívida a lembrança dessa degustação e de cada um desses vinhos que, como as melhores peças sacras, capturam a alma e parecem brilhar mais com o tempo.