Viticultores dizem que vinhas estão sendo atingidas por pesticidas usadas em lauvoura de algodão vizinha
Redação Publicado em 18/12/2018, às 20h00 - Atualizado às 14h27
Doenças fúngicas não são um problema para os viticultores do Texas, no entanto, ultimamente eles têm visto suas vinhas perecerem devido ao uso de pesticidas. Muitos produtores da denominação “Texas High Plains” afirmam que foram atingidos por “pesticidas à deriva”, que estariam sendo pulverizados nos campos de algodão dos vizinhos e depois transportados pelo vento para os seus vinhedos.
De acordo com Pierre Helwi, especialista em viticultura da Texas A & M University AgriLife, os agricultores estão notando folhas deformadas, produtividade reduzida e até videiras mortas. “Essa é a maior ameaça que já vi e cultivo uvas aqui há mais de 40 anos”, afirmou Bobby Cox, consultor de vinícolas e vinicultor da Pheasant Ridge Winery, em Lubbock.
A Monsanto e a Dow AgroSciences desenvolveram sementes de milho e algodão resistentes a pesticidas. A ideia é que os agricultores possam plantar variedades de culturas resistentes e depois pulverizar seus campos com os produtos químicos, matando todas as ervas daninhas e insetos, mas poupando as plantas. Infelizmente, as ervas daninhas cresceram mais resistentes e as empresas responderam com herbicidas que causam mais impacto. E esses sprays mais potentes parecem estar impactando as videiras também.
Além de prejudicar a vinha, os pesticidas estão sendo absorvidos pelas plantas e deixando seu sabor na uva e no vinho. “Não é preciso ser um grande degustador para reconhecer os sabores”, aponta Cox. Já Helwi, que monitora os vinhedos em toda a região, diz que viu danos causados pela deriva de pesticidas de 90% a 95% dos vinhedos da região. Vale lembrar que, no estado, muitos produtores de vinho também produzem algodão.