Emmanuel Giboulot, produtor da Borgonha, não quer deixar de lado décadas de trabalho com um tipo de agricultura que prega o não uso de químicos no vinhedo
Redação Publicado em 25/11/2013, às 18h38 - Atualizado em 03/12/2014, às 08h04
Emmanuel Giboulot, um produtor de Beaune, na Borgonha, está diante de uma situação inusitada. Desde 2011, uma doença conhecida como flavescência dourada vem atacando os vinhedos da região e, para não deixar que ela se alastre, os órgãos governamentais solicitaram que os produtores utilizassem inseticidas, sob pena de multa para quem desobedecer.
Vale lembrar que essa praga tem sido comparada à filoxera que, em meados do século XIX dizimou os vinhedos do mundo todo. O problema é que a propriedade de Giboulot segue a filosofia biodinâmica, que, entre outras coisas, impede o uso de químicos para tratar as doenças.
Diante disso, o produtor está sendo ameaçado pelo tribunal de Dijon com uma multa de 30 mil euros e seis meses de prisão, caso não obedeça e se recuse a usar inseticidas. “Meu pai começou a converter a propriedade em 1970 e agora somos completamente orgânicos e biodinâmicos. Não quero deixar para trás décadas de trabalho em um tratamento em que os efeitos sobre a saúde das vinhas não estão comprovados”, alega Giboulot.
O presidente do corpo de apelações regional, Jean-Michel Aubinal diz que o problema da flavescência dourada é urgente. “A doença está afetando a Borgonha. Estamos montando um mapa com a saúde das vinhas e retirando-as de onde for necessário. Em 2012, devastamos 12 hectares em Macoonais, o que não é muito, mas temos que ser muito reativos no ataque a essa praga e não deixar que ela se espalhe”, aponta.
“Não sou irresponsável. Não estou tentando ser radical. Simplesmente não acredito que o tratamento sistemático – mesmo sem qualquer sintoma da doença – seja a solução. Quero mostrar para as pessoas que há opções e que precisamos pensar em nossa própria saúde e de nossos clientes”, finalizou Giboulot.