A cidade possui grande importância na história mundial e é um dos grandes símbolos da civilização europeia
Por João Calderón Publicado em 18/07/2016, às 17h00
Uma das cidades com maior importância na história mundial e um dos grandes símbolos da civilização europeia. Esta é Roma, a capital italiana, desenvolvida nas margens do rio Tibre, na região de Lácio.
Arroz de festa em livros de história, a Cidade Eterna é a única no mundo que abriga um estado estrangeiro, a Cidade do Vaticano, sede da Igreja Católica Apostólica Romana e residência do Papa. Não à toa, o grande símbolo que reafirma essa capital de dois estados é a sua bandeira, representada pelas duas cores da cidade, o dourado do cristianismo, e o vermelho do Império Romano.
Outro grande marco da cidade, talvez o mais conhecido deles, é a Lupa Capitolina. Uma escultura em bronze, do acervo dos Museus Capitolinos, que representa a loba amamentando Rômulo e Remo. É, justamente, essa escultura que representa a lenda da fundação da capital italiana. Contada pelo poeta Virgílio em sua obra Eneida, a história começa com o nascimento dos irmãos gêmeos, Rômulo e Remo, filhos do deus Marte com a mortal Reia Sílvia, filha de Numitor, o governante do reino de Alba Longa. Quando Amúlio, irmão do rei, usurpou o trono, fez questão de acabar com os descendentes de seu irmão. Foi então que Amúlio ordenou que os dois filhos de Reia Sílvia fossem colocados em uma cesta e jogados no rio Tibre.
Rômulo e Remo foram posteriormente encontrados às margens do rio por uma loba que os amamentou como se fossem seus “herdeiros”. Depois de criados pelo pastor Fáustolo, os dois voltaram e mataram Amúlio, reconduzindo o avô ao trono de Alba Longa. Foram também eles que, com o consentimento de Numitor, e em homenagem à loba que os salvou da iminente morte, fundaram uma cidade no mesmo local onde foram encontrados por ela, a cidade de Roma. Alguns anos mais tarde, em disputa pela liderança da cidade, Rômulo matou seu irmão, tornando-se o primeiro rei de Roma.
Lenda da origem da cidade é contada na Eneida, do poeta Virgílio
Fundada por volta de 753 a.C., o que não falta em Roma é história. Atravessada pelo rio Tibre, o que somente enaltece sua beleza, é uma cidade encantadora, repleta de atrativos por todas as suas piazzas e ruelas. Começaremos nosso passeio por um dos lugares mais óbvios, o Vaticano – a capital da Igreja Católica, justamente onde São Pedro foi enterrado (64 d.C.). As visitas à Grande Basílica de São Pedro e aos palácios papais que abrigam a Capela Sistina e o Museu do Vaticano são mais que obrigatórias para quem quer entender um pouco da história da humanidade e da arte.
Ainda na margem esquerda do rio Tibre, seguimos para Trastevere, pois, uma vez na cidade, não poderíamos deixar de visitar esse antigo e pitoresco bairro de moradores que se julgam os únicos romanos autênticos. Trastevere, que literalmente significa depois do rio Tibre (Tevere em italiano), é um bairro que mantém seus traços medievais e seu caráter boêmio.
Fontana di Trevi, maior e mais famosa fonte de Roma
Vista do Vaticano, bom lugar para começar o passeio pela cidade
Museus são uma atração à parte, com obras dos mais famosos artistas
Outro ponto mais do que óbvio para uma visita é o Coliseu – o maior anfiteatro romano, que foi encomendado pelo imperador Vespasiano em 72 d.C. Palco de combates entre gladiadores e lutas entre animais selvagens, o Coliseu tinha capacidade para 55 mil pessoas, distribuídas em seus lugares de acordo com sua classe social. Ainda caminhando pelo centro antigo de Roma, algumas das passagens obrigatórias são o Fórum Romano, melhor compreendido quando observado do alto do monte Capitolino; o Arco de Constantino, um dos últimos monumentos da Roma Imperial; o Palatino, a antiga residência dos imperadores e aristocratas; os banhos de Caracalla e o Musei Capitolini, dividido entre dois palácios projetados por Michelangelo, o Palazzo Nuovo e o Palazzo dei Conservatori – que dentre outras maravilhas exibe pinturas de Veronese, Caravaggio, Tintoretto e Ticiano.
Visita ao museu do Vaticano é obrigatória
Deixando o centro antigo de Roma, passearemos por suas praças. Começando pela Piazza Navona, com arquitetura barroca, ela é, por muitos, considerada a mais bonita da cidade. Cercada por palácios e cafés, é também conhecida por suas rebuscadas fontes, dentre elas a Fontana dei Fiumi, a mais importante das obras de Bernini. Depois da Piazza Navona, seguimos para a Piazza di Spagna com sua famosa escadaria, a Scalinata di Spagna. No emaranhado de ruelas ao redor da praça está uma das mais seletas partes da capital romana, onde fica a Via dei Condotti, a “Quinta Avenida” romana. Ainda nessa área está a Piazza del Popolo, com sua espetacular igreja Santa Maria del Popolo; a Villa Borghese, a maior área verde da cidade; além da maior e mais famosa fonte de Roma, a Fontana di Trevi. E por fim, o Pantheon, o templo de todos os deuses, a construção antiga mais bem preservada da cidade. Perca algum tempo vagueando e desbravando as agradáveis ruas que estão ao seu redor, repleta de lojas, cafés, restaurantes e gelaterias.
Panorâmica do Rome Cavalieri
Muito bem localizado, entre a Scalinata di Spagna e a Piazza del Popolo, no coração da cidade está o luxuoso Hotel de Russie, a melhor opção para quem quer desfrutar da alta hotelaria aliado à excelente localização. Um pouco mais afastado, cerca de 10 minutos caminhando a partir da Piazza di Spagna, está o hotel Villa Spalletti Trivelli, muito frequentado por celebridades. Um dos seus atrativos mais interessantes é a sua biblioteca, nomeada Patrimônio Cultural da UNESCO. A terceira opção e não menos espetacular é o hotel Rome Cavalieri, com sua sensacional vista panorâmica da cidade. Foi o primeiro hotel a fazer parte do seleto grupo Waldorf Astoria Hotels & Resorts.
Em Roma, vale provar pratos típicos, assim como experimentar restaurantes consagrados
Deixando um pouco da história e dos passeios de lado, vamos ao lado gastronômico romano, também riquíssimo. Repleta de cafés, pizzarias e restaurantes, Roma possui alguns pratos tradicionais que devem figurar no topo de suas opções quando estiver folheando um cardápio, spaghetti alla matriciana, spaghetti alla carbonara, spaghetti cacio e pepe (com queijo e pimenta-do-reino), Fiori di Zucca (flor da abobrinha recheada com queijo e anchova frita) e o puntarelle alla romana.
Estando na Itália, dentre outros pratos, quase que automaticamente nos lembramos da pizza. Vale recordar que a pizza romana é diferente do estilo das pizzas de Nápoles. Elas são mais finas. Além disso, também podemos encontrar em Roma a pizza bianca, que é a massa sem o molho de tomate, e a pizza al taglio, que é assada em grandes formas retangulares e vendida por pedaços. Duas das pizzarias favoritas da cidade são La Gatta Mangiona e a Pizzeria Da Ivo.
Em meio aos diversos atrativos, vale separar um tempo para visitar o Ghetto di Roma, um bairro judeu fundado em 1555 e sentar em uma mesa ao ar livre em um dos restaurantes da Via del Portico D’Otavia. Uma sugestão seria o Ba Ghetto Milky para comer um dos mais tradicionais antipasti de Roma, o Carciofo alla Giudia, que nada mais é do que uma alcachofra inteira frita por imersão.
E para finalizar, existem duas excelentes opções de restaurantes, o Ristorante il Pagliaccio, condecorado com duas estrelas Michelin e que possui alguma influência japonesa, e o La Pergola, localizado no último andar do hotel Rome Cavalieri, do chef alemão Heinz Beck, que possui três estrelas Michelin desde 2006 e é, sem dúvida, o chef mais talentoso de Roma.
Em uma viagem, comer bem é primordial, por isso, quando estiver elaborando o seu roteiro, vale também encaixar, entre um ponto turístico e outro, alguns cafés, mercados, empórios e lojas de vinhos para desfrutar a cidade como um bom gourmet. Para começar o seu dia em meio a essas maravilhas da vida, nada melhor do que o Campo de Fiori, outra das imperdíveis praças romanas onde toda manhã ocorre uma feira de rua com diversas barracas de frutas, flores, embutidos, queijos, enfim, todas as delícias locais.
Para aproveitar Roma como os romanos, ou como todo bom italiano, vale também fingir ser um crítico gastronômico em busca do melhor gelato da cidade. Il Gelato di San Crispino é, para muitos, não só o melhor gelato de Roma, mas sim o melhor do mundo, com sabores que costumam variar de acordo com a estação. Além dele, outras duas excelentes opções são o Giolitti e o GROM – neles vale arriscar o de pistache ou fiori di latte.
Uma pausa para um vinho também é mais que merecida na sua visita, sendo uma taça de Frascati branco (vindo da comuna vizinha de Roma) ou não. O Al Vino Al Vino é uma das boas opções para vinhos, possui uma carta com mais de 500 rótulos, além de também ser especializado em destilados com suas distintas Grappas. Vale a visita ainda à Antica Enoteca, um tradicional wine bar, e à Enoteca il Goccetto, situada em um antigo edifício romano que data de 1527, com uma carta com mais de 800 rótulos, predominantemente de italianos e alguns franceses, além de uma grande variedade de vinhos em taça (bicchieri) de cerca de 60 diferentes produtores que se alternam mês a mês.
Para quem quer adquirir algumas garrafas antes de voltar ao Brasil, duas opções interessantes com vinhos do mundo todo são as Enotecas Costantini, na Piazza Cavour, e a Lucantoni, que fica mais afastada. E para fechar a viagem com uma boa refeição, nada melhor do que um café no Antico Caffè Greco, que existe desde o século XVIII, e sentir-se como Keats, Goethe, Byron ou Wagner, seus ilustres frequentadores.
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