Sentença do maior caso da história da falsificação de vinhos ainda obriga acusado a pagar US$ 28, milhões às vítimas
Redação Publicado em 18/08/2014, às 09h48 - Atualizado em 03/12/2014, às 08h04
10 anos de prisão foi o tempo da pena estipulado pelo juiz Richard Berman a Rudy Kurniawan, a primeira pessoa a ser julgada e condenada no tribunal federal norte-americano por falsificação de vinhos. Berman também ordenou que Kurniawan pague US$ 28,4 milhões como restituição às suas sete vítimas e perderá US$ 20 milhões em bens.
Ao divulgar a sentença, Berman não ficou impressionado com uma carta de arrependimento escrita por Kurniawan enviada a ele. Lembrando-se dos vários casos de vinho falsificados, o juiz fez dos 10 anos de prisão seu veredicto. “É preciso ter certeza de que as nossas comidas e bebidas são seguras e não foram adulteradas por ninguém”, afirmou.
No fim do julgamento, Bermam perguntou a Kurniawan se ele tinha algo a dizer. Em voz baixa, o culpado repetiu tudo aquilo que estava escrito na carta e que queria ir para casa cuidar de sua mãe. Segundo o juiz, esse foi o único momento do processo em que Kurniawan demonstrou emoção.
A pena inicial estipulada pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos, no entanto, foi de 14 anos, sustentada pela justificativa de que o culpado viveu 10 anos praticando a falsificação de vinhos e, com isso, vivendo uma vida de luxo.
Na opinião dos promotores, Rudy Kurniawan foi motivado por uma “sede de proporcionar para si uma vida de luxo e status”. Como provas dessa afirmativa, os promotores apresentaram várias cópias de extratos da American Express em nome de Kurniawan, todos referentes a compras feitas por ele na Hermès entre 2007 e 2008, onde gastou US$575 mil.
Os promotores argumentaram que os crimes de Kurniawan não poderiam ser mitigados uma vez que suas vítimas são ricas e podem arcar com o prejuízo. “Ricos ou pobres, todos têm direito a obter o montante perdido”, reiteraram.
Na tentativa de reverter a situação, o advogado de defesa de Kurniawan, Jerome Mooney, defendeu uma sentença de pouco menos de dois anos e meio, tempo equivalente àquele de sua prisão decretada por agentes do FBI em março de 2012. Para sustentar sua proposta, Mooney também se utilizou de alguns fatos históricos de seu cliente, dizendo que o mesmo encontrou popularidade e aceitação social nos anos 90, quando chegou à Califórnia com um visto de estudante e descobriu o gosto pela degustação e identificação de vinhos de alta gama.
O dinheiro total perdido pelas vítimas de Kurniawan continua sendo fonte de discórdia, o que fez atrasar a sentença por um longo período. Por isso, Berman pediu repetidas vezes aos promotores para que obtivessem informações mais específicas sobre qual foi o total de vítimas do esquema de falsificação de vinhos feito por Kurniawan, quais os nomes e quanto dinheiro que foi perdido.
Porém, algumas das vítimas não se pronunciaram por não quererem admitir que foram enganadas e que suas adegas ainda armazenavam exemplares falsificados. Além disso, nem todos os afetados tinham contratado autenticadores qualificados para inspecionar cada um de seus vinhos.
De acordo com a defesa, enquanto Kurniawan permanecer encarcerado e atuando em alguns dos trabalhos oferecidos pela penitenciária, ele terá de pagar US$ 150 por mês para restituir os danos causados às suas vítimas. “Isso deve fazer com que ele sane as dívidas rapidamente”, ironizou Mooney.