São dois os principais métodos de produção da delicada bebida
Mario Geisse Publicado em 14/01/2016, às 15h20 - Atualizado em 15/01/2016, às 12h37
Atualmente, vinhos espumantes são elaborados em praticamente todas as regiões vitivinícolas do mundo, tanto pelo método champenoise ou Tradicional, como pelo charmat - o mais utilizado, mais industrial e que possui menor custo de elaboração, além de ser mais rápido, pois a segunda fermentação do vinho ocorre em grandes quantidades dentro dos estanques de autoclave. No Brasil, o charmat é responsável por aproximadamente 90% do total de espumantes.
Produzindo
Consiste na elaboração de um vinho base, que sofre a segunda fermentação na própria garrafa e cujo processo tem as seguintes etapas:
1 - Elabora-se o vinho base - um vinho branco comum, que deve ter graduação alcoólica preferencialmente inferior a 11 graus e alta acidez, para que, durante a segunda fermentação, possa alcançar seu equilíbrio. Isso acontece em pouquíssimas regiões do mundo, mas na Serra Gaúcha dá-se de forma natural com a uva madura. Na maioria das regiões, é necessário colher a uva antes que ela atinja sua maturação perfeita, para evitar o álcool excessivo.
No entanto, essas regiões não são apropriadas para elaborar espumantes de alta qualidade. As características ideais para a elaboração de espumantes de qualidade superior são ofertadas apenas por microclimas muito ímpares, como em Champagne, na França, e em alguns lugares mais altos da Serra Gaúcha. As variedades de uva mais adequadas para se elaborar um bom espumante são a branca Chardonnay, que dá elegância, e a tinta Pinot Noir, responsável pela estrutura. Mas também são utilizadas outras variedades, de acordo com cada região produtora;
3 - O vinho base é então engarrafado e fechado com uma tampa metálica (tampa corona), preparada para suportar a pressão;
6 - Após verificado que os sedimentos de levedura produzidos durante a segunda fermentação já estão totalmente acumulados no bico da garrafa restando o líquido cristalino, levam-se as garrafas para a penúltima fase do processo chamado de dégorgement, que consiste justamente na retirada dos sedimentos através do congelamento do bico da garrafa, prendendo todo o material em um bloco de gelo, o qual será expulso quando retirada a tampa metálica, ficando o líquido limpo.
Moscatel espumante
O processo consiste em fazer uma fermentação diretamente do mosto da uva (ao contrário de um espumante natural, que passa por duas fermentações - primeiro o vinho e depois o espumante). A fermentação acontece direto do mosto, em cubas fechadas (método charmat) e, quando o teor de 7,5º GL é atingido, a fermentação é detida por meio de frio e filtrações. O produto fica com uma pressão de 6 atmosferas e com o açúcar residual (natural) do mosto bem acentuado, variando de 60 e 80 g por litro. Os espumantes Moscatéis resultam bem leves e aromáticos.
Charmat X Champenoise | ||
As diferenças que podemos constatar entre os processos charmat e champenoise são, em primeiro lugar, que os espumantes elaborados pelo método tradicional passam por uma segunda fermentação lenta e exclusiva dentro de cada garrafa, o que faz com que cada uma seja única, dentro de uma qualidade linear. Outra diferença está no tempo do produto em contato com as leveduras, durante a autólise, o que outorga ao espumante champenoise uma maior cremosidade, complexidade e estrutura, cedida ao vinho pelo material citoplasmático das leveduras. Uma grande vantagem do método tradicional sobre o charmat está no menor estresse imposto ao líquido. Enquanto no primeiro o líquido descansa em caves até ser consumido, o segundo necessita de filtrações que, se não forem bem feitas, prejudicarão a qualidade das borbulhas |