O Panorama dos Espumantes do Hemisfério Sul foi conduzido pelo inglês Steven Spurrier
Redação Publicado em 23/05/2014, às 00h00 - Atualizado às 04h29
Até quem não entende de vinho sabe que os espumantes feitos na região francesa de Champagne são as borbulhas mais famosas e valorizadas do mundo. Mas pouca gente sabe que as casas menos prestigiadas não vivem seu melhor momento. Essa informação foi passada a um grupo de aproximadamente 60 brasileiros (produtores de vinhos, jornalistas, sommeliers e enófilos) por um dos personagens mais emblemáticos, que cravou seu nome na moderna (e tremendamente competitiva) indústria do vinho: o inglês Steven Spurrier.
Idealizador e responsável pelo “Julgamento de Paris”, como ficou conhecida a degustação de 1976 que colocou frente a frente vinhos californianos e franceses, cujo resultado promoveu os vinhos americanos a um status nunca antes obtido, Spurrier ainda é editor da revista inglesa Decanter. Ele foi convidado pelo Ibravin para uma degustação e uma palestra sobre os espumantes do Hemisfério Sul, que aconteceu no auditório da Fecomércio em São Paulo, no dia 25 de abril.
Para esta degustação foram escolhidos espumantes do hemisfério sul para serem provados lado a lado. Vinte e uma garrafas de seis países (África do Sul, Argentina, Austrália, Brasil, Chile e Nova Zelândia), que estavam disponíveis no mercado paulistano, foram escolhidas em duas categorias: método Charmat (segunda fermentação em tanques de aço inoxidável) e método tradicional (segunda fermentação na garrafa) para serem degustadas por dois grupos; um deles (com 11 pessoas, entre elas Christian Burgos, publisher de ADEGA) experimentou ao lado de Steven Spurrier e emitiu seus pareceres publicamente sobre cada um dos vinhos, destacando seus três preferidos; e o outro (de aproximadamente 40 pessoas) que degustou também todas as amostras, mas sem emitir parecer público.
Os três espumantes brasileiros feitos pelo método tradicional foram escolhidos pelo próprio Steven Spurrier, que também pediu que um dos espumantes do método Charmat fosse da marca Chandon (seu pedido tinha como base o fato do grupo LVMH, maior grupo de luxo do mundo, ser o dono da marca francesa Moët & Chandon, bem como das vinícolas que produzem espumantes com a marca Chandon em vários países do Novo Mundo). As outras duas amostras de espumantes brasileiros Charmat foram optadas pelo Ibravin.
Quando se trata de espumantes, a indústria brasileira vive um momento de expansão de mercado e a qualidade das borbulhas nacionais raramente é questionada. Para Steven Spurrier é possível ir até mais além: “Vocês não precisam pagar por Champagne, vocês podem se orgulhar do espumante brasileiro”, disse o inglês durante o evento, certamente sabendo o peso de suas palavras para os produtores e o mercado.
Durante a degustação entre os 11 que estavam na sala com Spurrier, no entanto, os espumantes da Nova Zelândia fizeram sua parte na história. Intrigaram paladares, animaram debates e se mostraram, no mínimo, dignos de serem degustados novamente, fato que não aconteceu com muitas das garrafas vindas da Argentina ou do Chile, por exemplo. O Brasil fez bonito, mostrando uma qualidade de ponta tanto no método tradicional quanto no Charmat.
Durante sua palestra, Spurrier afirmou que não só ele, mas muitos outros especialistas ingleses afirmam que, para a sobrevivência do espumante a longo prazo, será necessário “olhar para o sul”. Um dos fatores seria o aquecimento global que impacta diretamente Champagne. Enquanto alguns apontam para a Nova Zelândia e a Tasmânia, Spurrier cita, também, o Brasil como um dos novos polos dessa produção: “Acredito que o mundo – e até mesmo os próprios brasileiros – precisam conhecer mais os espumantes (e também os vinhos tranquilos) que são feitos aqui. Eles têm alta qualidade e um estilo mais do Velho Mundo do que as pessoas podem imaginar”, afirmou.
País | Rótulo | Vinícola | Valor em SP | |
1 | Argentina | Norton Extra Brut | Bodegas Norton | R$ 47,00 |
2 | Argentina | Trivento Brut | Trivento | R$ 35,00 |
3 | Argentina | Altas Cumbres Brut | Bodega Lagarde | R$ 35,20 |
4 | Brasil | Chandon Reserve Brut | Chandon | R$ 74,00 |
5* | Brasil | Giacomin Brut | Giacomin | R$ 23,00 |
6* | Brasil | Cordelier Brut | Fante | R$ 35,00 |
7 | Chile | Santa Carolina Brut | Viña Santa Carolina | R$ 28,84 |
8 | Chile | Concha y Toro Brut Charmat | Concha y Toro | R$ 35,00 |
9 | Chile | Santa Helena Premium Brut | Viña Santa Helena | R$ 29,90 |
10* | Nova Zelândia | Sparkling Brut Sileni | Sileni Estate | R$ 101,90 |
11 | África do Sul | Nederburg Cuvée Brut | Nederburg | R$ 39,95 |
País | Rótulo | Vinícola | Valor em SP | |
1 | Argentina | Luigi Bosca Brut Nature | Luigi Bosca | R$ 118,46 |
2 | Argentina | Kaiken Sparkling Brut | Kaiken | R$ 110,78 |
3 | Argentina | Trapiche Brut | Bodegas Trapiche | R$ 49,90 |
4 | Austrália | Angas Brut | Yalumba | R$ 78,00 |
5* | Brasil | Miolo Millésime | Miolo | R$ 90,00 |
6 | Brasil | Casa Valduga 130 | Casa Valduga | R$ 80,00 |
7* | Brasil | Cave Geisse Blanc de Blanc | Geisse | R$ 85,00 |
8* | Chile | Tarapacá Tradicional Brut | Viña Tarapacá | R$ 97,67 |
9* | Nova Zelândia | Miru Miru | Hunter’s Wines | R$ 116,93 |
10 | África do Sul | Twee Jonge Gezellen Kron Borealis Cuvée Brut 2007 | Krone | R$ 118,77 |
* Amostras com mais indicações de preferência pelo júri