Sushi com azeite

Como o óleo de oliva vem ganhando importância na terra do sol nascente

João Calderón Publicado em 19/05/2011, às 14h09 - Atualizado em 27/07/2013, às 13h47

Conhecido como a terra do sol nascente, o Japão é um país, ou melhor, dizendo um arquipélago formado por mais de seis mil ilhas, cujas quatro maiores e mais importantes são Honshu, Hokkaido, Kyushu e Shikoku, o que representa 97% da área terrestre nacional. Um país que valoriza muito sua gastronomia e que, através dela, levou sua cultura para todo o mundo, principalmente a cidades como São Paulo, a maior colônia de japoneses fora de seu próprio país. Entre os produtos já conhecidos por todos estão: niguiri, sashimi, toro, wasabi, karashi, óleo de gergelim... e o óleo de oliva. Óleo de oliva? Sim, apesar de não ser um produto essencialmente japonês, o azeite tem, sim, importância neste famoso arquipélago. Aliás, mais especificamente em uma das ilhas, Shodoshima, o óleo se tornou um produto essencial.

Feijão ou oliva?
Shodoshima, que literalmente significa ilha dos pequenos feijões, é, na verdade, conhecida como a “Ilha das Olivas”, já que lá existem cerca de mil hectares de um clone do cultivar Cornicabra, plantado devido a uma iniciativa do governo em 1908.

Oliveiras de Shodoshima, principal região produtora do Japão, começaram a ser cultivadas em 1908

O lugar se tornou famoso no país por ser onde o cultivo das oliveiras alcançou sucesso. Suas oliveiras proliferam e o clima mediterrâneo transforma a ilha em um local ideal para o cultivo. Desde cedo o principal produtor japonês de azeitonas e de azeite. Foi daí que recebeu o apelido.

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Oliveiras começaram a ser cultivadas para uso medicinal

Parque das oliveiras
Hoje suas olivas se transformaram principalmente em uma atração turística, em que os visitantes podem conhecer o local onde as oliveiras foram primeiramente cultivadas, no Olive Park. O parque oferece diversas atrações, como a réplica de um moinho grego e um pequeno museu que mostra a história do cultivo da oliveira e do óleo de oliva em Shodoshima. Além, é claro, de restaurantes e lojas onde se pode conhecer e comprar produtos relacionados ao principal fruto da ilha, como o próprio óleo de oliva, balas de azeite, cosméticos, noodles e até sorvete.

A ilha também possui um experimento agrícola com cerca de 50 diferentes cultivares testados. Seu óleo costuma ser suave e macio, porém sem características muito empolgantes. A qualidade vem evoluindo, porém os azeites japoneses seguem sendo caros e difíceis de serem encontrados. Há ainda outra região produtora no país, que se localiza em Ushimado. É muito pequena e suas oliveiras são oriundas da Grécia.

História
As olivas começaram a ser cultivadas no Japão para uso medicinal em meados do século XIX. Elas foram primeiramente introduzidas no país pela França, em 1862, sendo seu óleo inicialmente produzido em Mita, na região de Kobe – aquela mesma região da famosa carne japonesa marmorizada, produzida a partir da raça de boi Wagyu, o Kobe beef. No início do século XX, o azeite era muito popular como um óleo para os cabelos.


A partir de meados da década de 1960 começaram a aparecer no mercado japonês os azeites importados, de boa qualidade e mais baratos que os produzidos localmente. E foi justamente em consequência disso que a produção de oliva no país declinou, sendo hoje produzido em pequena quantidade, exatamente o oposto do que ocorre com o seu consumo que foi multiplicado por oito nos últimos 15 anos. Cerca de dois terços deste consumo é de produtos da Itália e quase todo o restante da Espanha.

Aumento de consumo
Apesar de iniciadas na década de 60, as importações de óleo de oliva começam a ser mais significativas no começo da década de 80. Entre os anos 80 e 85, o consumo per capita era de 0,005 litros, o equivalente a uma colher de café por ano. Atualmente esse consumo tem crescido consideravelmente e já está em cerca de 0,3 litros por ano.

No início do século XX, o azeite era usado como óleo para cabelos


Credita-se o aumento no consumo ao trabalho feito pelo International Olive Oil Council (IOOC) entre os anos de 1991 e 2001. Nesse período, o IOOC promoveu diversas campanhas com o intuito de mostrar para a terra do óleo de soja as virtudes de um óleo extraído de uma fruta. Ao longo desses 10 anos, o IOOC patrocinou uma série de encontros científicos e eventos de gastronomia mediterrânea, apresentando o óleo de oliva em todas as principais feiras do país.