Feito de uvas "podres", conheça a mais alta classificação (em termos de açúcar) dos vinhos alemães e o porquê de esses vinhos estarem entre os mais caros do mundo
Arnaldo Grizzo Publicado em 14/08/2018, às 12h00
O nome assusta. Trockenbeerenauslese. O significado literal é algo como “seleção de uvas-passas”. Os poucos que são produzidos custam pequenas fortunas (podem valer até US$ 10 mil). Mas se você um dia tiver a chance de provar algumas gotas desses néctares, com certeza vai guardar esse nome de 20 letras e o pronunciar como um verdadeiro alemão.
Trockenbeerenauslese (também conhecido como TBA) é um termo usado para designar um tipo de vinho de sobremesa que estaria no topo da classificação alemã. Deve-se dizer que a classificação na Alemanha é dividida em graus de “doçura”. Quanto maior o nível de açúcar no mosto (vinho pré-fermentado), maior sua classificação, que começa com Kabinett, vai para Spätlese, depois para Auslese, segue para Beerenauslese e termina no TBA.
Muito dessa classificação depende do grau de maturação das uvas quando colhidas. Portanto, no ápice, os grãos devem estar extremamente maduros, praticamente já ressecados (daí o termo trocken) e afetados por fungos. Isso mesmo. Mas não tenha medo. Esse apodrecimento é proposital e conhecido como podridão nobre, pois concentra os açúcares de forma que esses vinhos se tornam quase tão densos quanto mel.
Para se ter ideia da doçura, o mínimo requerido para os TBA é ter 150 gramas de açúcar por litro. No entanto, alguns deles podem conter o dobro disso. Só para efeito de comparação, a Coca-Cola tem cerca de 100 g/l.
As uvas para o Trockenbeerenauslese são colhidas uma a uma dos cachos, pois precisam estar no estágio perfeito de maturação. O processo é muito dispendioso (tanto que costumam ser vendidos em formato de meia garrafa – 375 ml), mas o resultado é ímpar, oferecendo uma bebida de lindíssima cor dourada, com aromas e sabores melados, textura viscosa, mas com uma acidez que não a torna enjoativa, mas, sim, um néctar divino.