Velejador dá volta ao mundo com o barco cheio de vinho – sem beber uma gota dele

O português Henrique Afonso embarcou 200 litros do Vinho Madeira, para amadurecê-lo como antigamente

André De Fraia Publicado em 06/05/2021, às 17h20

 

Henrique Afonso, o Pirata, em seu barco com o vinhol da Ilha da Madeira

Deu no blog Histórias do Mar, do jornalista Jorge de Souza: o português Henrique Afonso, conhecido como Pirata, saiu da Ilha da Madeira em janeiro de 2019 com 200 litros de vinho produzidos na ilha em duas barricas. A ideia? Dar uma volta no globo amadurecendo o vinho da forma que a técnica foi criada.

O vinho da Madeira ganhou esse jeitão que ele tem originalmente porque viajava nos porões de navios mercantis. Lá a bebida esquentava ganhava o estilo que hoje conhecemos como tão singular do Vinho Madeira.

As duas técnicas que existem para amadurecer o vinho tentam recriar as condições encontradas nos porões dos navios. Na estufagem o vinho é colocado em estufas de aço inox e aquecidas por um sistema de serpentinas. Já no canteiro os vinhos são envelhecidos em cascos nas partes mais elevadas dos armazéns próximas ao telhado onde as temperaturas são mais altas.

"Durante a viagem, diversas vezes morri de vontade de beber um pouquinho do vinho, mas resisti a tentação", conta Pirata.

"Durante a viagem, diversas vezes morri de vontade de beber um pouquinho do vinho" diz o Pirata

Se a navegação em um pequeno veleiro de nove metros de comprimento ao redor do globo já não era um tamanho desafio, o velejador ainda precisou enfrentar a pandemia causada pela Covid-19. As restrições mundiais fecharam portos em todo mundo e Pirata precisou ficar seis meses parado no Timor-Leste.

"Eu não tinha pressa, nem data para voltar. Estimava que a viagem levaria uns dois anos, três talvez, porque quanto mais ela durasse, melhor estaria o vinho na volta. Mas o que eu não contava que que, no meio da viagem, viria a pandemia. E aí complicou tudo".

O português persistiu, venceu as intempéries e está nas últimas etapas da sua jornada. No final de abril, ele saiu de Cabedelo na Paraíba – infelizmente por causa da pandemia ele não pode descer no Brasil onde queria visitar a filha que mora em Florianópolis – rumo ao Açores, última parada antes da chegada na Ilha da Madeira que deve ocorrer em junho.

Henrique Afonso será o primeiro madeirense a dar a volta ao mundo 

Diz o Henrique Afonso, os 200 litros ganharão o status de lenda e não terão preço, "reserva Especial, valor histórico e incalculável".

O povo da Ilha da Madeira já prepara uma recepção especial para o primeiro madeirense a dar a volta ao mundo, ainda mais levando – e trazendo de volta – vinho da ilha.

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