Pesquisas revelam como o álcool afeta o sono
Arnaldo Grizzo Publicado em 05/09/2018, às 15h00 - Atualizado às 11h26
Uma tacinha de vinho à noite ajuda a relaxar e dormir? Estudos mostraram que consumir álcool antes de ir para a cama reduz a latência do sono, o que significa que uma taça pode, sim, ajudar a dormir mais rapidamente do que o habitual. Isso se deve aos efeitos sedativos do álcool, que variam em intensidade dependendo do teor de álcool no sangue.
No entanto, vários estudos também mostraram que as pessoas podem desenvolver uma tolerância a esses efeitos sedativos em apenas três noites. Assim, seu corpo precisará de mais álcool para ter os mesmos efeitos indutores do sono, o que pode levar a problemas ainda maiores, como a dependência do álcool.
Outros estudos demonstraram que, quando consumido em níveis altos, o álcool suprime o sono REM – a fase do sono associada ao sonho e retenção de memórias – durante a primeira parte da noite. Uma pesquisa de 2015 mostrou que, enquanto os indivíduos que consumiam álcool experimentaram um aumento no “sono profundo”, poucas horas depois, sofreram interrupção do sono, maior número de despertares e mais tempo acordados.
Ao monitorar os impulsos elétricos no cérebro, os pesquisadores descobriram que aqueles que beberam álcool experimentaram durante a segunda metade da noite o que se conhece como sono alfa-delta, o que significa que ondas alfa (associadas à vigília calma) e ondas delta (associadas aos níveis mais profundos de sono) estavam ocorrendo ao mesmo tempo. Um sono interrompido pode ser responsável por sonolência diurna e mau desempenho ao longo do dia.
Insônia
De acordo com Ilene Rosen, da University of Pennsylvania Sleep Fellowship e presidente da Academia Americana de Medicina do Sono, o álcool provavelmente afeta pessoas com distúrbios do sono de maneira diferente daqueles com padrões de sono saudáveis. Os que sofrem de insônia costumam aproveitar os efeitos sedativos do álcool sem interrupção do sono posteriormente. No entanto, eles também podem desenvolver uma tolerância a esses efeitos.
A médica também afirmou que o álcool pode exacerbar problemas respiratórios durante o sono: “Indivíduos que sofrem de apneia do sono devem evitar o álcool à noite. Além disso, se você notar um aumento no ronco alto ou a respiração pausar enquanto dorme depois de consumir álcool, por favor, discuta isso com seu médico”.
Diante de tudo isso, uma das dicas seria esperar um pouco entre beber e dormir, uma vez que muitos dos problemas associados ao álcool e ao sono devem-se ao “efeito rebote”, que pode ser evitado se você ficar sóbrio enquanto estiver acordado.
“Se alguém quiser tomar um copo de vinho com o jantar, ficar três horas acordado após o consumo antes de ir para a cama pode ser suficiente”, diz Rosen, embora o tempo exato também dependa do peso corporal e do tempo que leva para que uma pessoa metabolize o álcool.
“Há certos hábitos que as pessoas precisam manter para otimizar a qualidade do sono. É preciso ter uma rotina na hora de dormir que deve ser mantida durante toda a semana, não apenas numa semana de trabalho, mas também nos fins de semana. Algumas pessoas diminuem as horas de sono durante a semana de trabalho porque querem trabalhar mais e, nos fins de semana, dormem mais. Infelizmente, isso não permite um sono reparador”, explica Camilo Ruiz, diretor médico do Choice Physicians Sleep Center em Fort Lauderdale. “Uma ou duas taças de vinho, à noite, podem relaxar o corpo o suficiente para que se possa dormir bem. O problema é quando as pessoas bebem demais”, conclui.