Vinho possui composto orgânico capaz de atuar contra leucemia

Pesquisadores chineses pretendem encontrar propriedades de cura do resveratrol contra células cancerígenas

Redação Publicado em 18/03/2016, às 14h00 - Atualizado às 15h27

Resveratrol, um componente orgânico encontrado na casca da uva e também no vinho, mostrou-se promissor no tratamento de algumas doenças. Os cientistas ainda estão em pesquisa para saber como este polifenol realmente funciona e como extrair suas propriedades de cura.

Uma equipe de pesquisadores chineses encontrou uma nova possibilidade de uso para o resveratrol como uma arma contra leucemia, o câncer mais comum entre crianças. Como ele atua contra a doença é um mistério. A leucemia é uma doença maligna dos glóbulos brancos (leucócitos) de origem, na maioria das vezes, não conhecida. Ela tem como principal característica o acúmulo de células jovens (blásticas) anormais na medula óssea que substituem as células sanguíneas normais. Mesmo a doença atingindo pessoas com mais de 55 anos, ela é o tipo de câncer mais comum entre jovens com menos de 15 anos. Recentes avanços terapêuticos têm ajudado os pacientes em tratamento, mesmo assim a doença mata milhares de pessoas por ano.

Resveratrol em sua forma molecular.

A pesquisa sobre o resveratrol foi publicada no jornal International Journal of Clinical and Experimental Medicine por Binghua Wang, Jiao Liu e Zhanfeng Gong do departamento de hematologia do Hospital Central de Weihai, na China.

Um ponto interessante na pesquisa é o modo como resveratrol age contra a leucemia. Quando aplicado em outras doenças, como o envelhecimento, o composto ajuda as células a se repararem, no caso da leucemia ele opera por meio de um processo que controla a morte celular, conhecido como apoptose, assumindo as funções de um anti-inflamatório.

O Resveratrol diminuiu significantemente a viabilidade celular e desencadeou o apoptose em várias células leucêmicas.

O teste contou com a exposição de vários tipos de células cancerígenas e diferentes diluições de resveratrol, variando de 10 micrometros a 160 micrometros por variados períodos de tempo de 24, 48 e 72 horas. Os danos causados nas células de leucemia foram de encolhimento celular e deformação da membrana celular.

O anti-inflamatório inibiu o crescimento das células de leucemia em 60,9% após o tratamento de 24 horas, 69,7% após 48 horas e de 70,3% após 72 horas. A quantidade máxima de inibição de 70,3% se deu pelo uso de 160 micrometros por 72 horas. O teste mostrou o grande potencial do resveratrol contra a leucemia. A descoberta é um avanço, pois a maioria dos pacientes não respondem bem a quimioterapia.

Embora sejam poucas as informações de como o componente desencadeie o apoptose, os resultados sugerem que isto se da devido à interferência de resveratrol nas vias das mitocôndrias dentro das células leucêmicas.