Fernando Roveri Publicado em 13/07/2006, às 11h02 - Atualizado em 15/02/2019, às 17h05
Já foi comprovado, através de centenas de trabalhos científicos publicados, que o consumo moderado de vinho (duas taças por dia) deve ser integrado a uma dieta equilibrada para uma melhor qualidade de vida. Um estudo feito pelo patologista da David Sinclair, da Escola Médica de Harvard, nos Estados Unidos, mostrou que os vinhos feitos com a Uva Merlot possuem uma alta quantidade de uma substância química extremamente benéfica para a saúde, pertencente ao grupo dos flavonóides, encontrados principalmente na casca da uva, responsáveis pela cor, sabor e sensações de adstringências e amargor dos vinhos.
O estudo, publicado em abril de 2005 na revista Nature Genetics, discorre sobre o tempo de vida de bactérias e organismos após diversas experiências em laboratório. Em uma delas, ele conseguiu aumentar em 70% o tempo de vida da levedura chamada resveratrol após administrá-la ao fermento.
Uma notícia ainda melhor é que os vinhos brasileiros produzidos com essa uva são os que mais possuem a substância. Os tintos, especialmente os elaborados com a uva Merlot, apresentam uma das maiores taxas de resveratrol do mundo, chegando a valores acima de 2,5 miligramas por litro, superada somente pelos vinhos franceses.
Isto se deve ao fato de que as condições de clima da Serra Gaúcha, onde se localiza a grande produção do vinho nacional. A região, bastante úmida, oferece condições ideais para o ataque de microorganismos, especialmente fungos. Para se defender, a planta aumenta a produção de resveratrol, que irá protegê-la da ação patogênica desses organismos.
A substância acumulada na casca da uva se integra ao vinho durante a maturação, dando a ele características medicinais conhecidas desde o período de Hipócrates de Cós, na Grécia Antiga. O pai da medicina utilizava o vinho como desinfetante em várias condições clínicas, como veículo para outras substâncias e parte de uma boa dieta.