Vinícola de Fred Loimer fica em Kamptal, um dos terroirs mais tradicionais da Áustria
Arnaldo Grizzo Publicado em 13/12/2021, às 06h00
A arquitetura segue o conceito da vinícola
Langenlois, na região de Kamptal, é um local de vinícolas tradicionais na Áustria. Mas, desde o ano 2000, há algo que destoa na paisagem. Não que seja muito chamativo, pois, na verdade, meio que se esconde entre os vinhedos e passa despercebido aos desavisados. À primeira vista, a vinícola Loimer não passa de uma caixa preta.
A ideia era essa mesmo e foi o que Fred Loimer – um irrequieto enólogo, herdeiro de uma vinícola tradicional – pediu ao arquiteto Andreas Burghardt – responsável, entre outras coisas, pelo espetacular projeto da Quinta de Nápoles, de Dirk Niepoort. Trabalhando com a mentalidade de vinhos naturais e cultura biodinâmica, ele solicitou que fosse feito “um edifício com terraço, moldado em cimento, vidro e madeira. Tinha que ser leve”. E assim foi feito.
A vinícola, apesar de moderna, não se destaca em meio ao vinhedo
“É tão simples. Você não o vê tão facilmente nos vinhedos e não se destaca”, aponta Loimer. Sua “caixa preta”, além de ser discreta, contrasta com seus vizinhos que contam com arquiteturas de prédios antigos e coloridos, muito mais “chamativos”.
O conceito de “caixa preta” permeia toda a propriedade, na forma da própria vinícola, sala de degustação e escritório, e um antigo celeiro reformado. No meio da sala de degustação há uma mesa de oito metros de comprimento com tampo de vidro branco que destaca as nuances de cor dos vinhos brancos – especialidade de Loimer obviamente.
Na vinícola há uma mesa com tampo de vidro branco que destaca as nuances dos vinhos brancos
Por mais fechada que pareça a fachada externa do edifício em forma de L, seus limites internos são permeáveis. Uma fachada de vidro pode ser totalmente aberta e isso permite a entrada de luz natural do jardim interno, que, além da sala de degustação, também contém o escritório e algumas outras salas.
Burghardt usa como metáfora a comparação do edifício da vinícola com uma garrafa de vinho, cuja estrutura escurecida é semelhante, e “parece inicialmente hermeticamente fechada e cuja plenitude especial pode se desdobrar gradualmente ao ser aberta”.
E o mais curioso dessa arquitetura moderna é que ela “esconde” também um tesouro, uma cave de 200 anos.
Pouco abaixo da vinícola abrem-se duas grandes portas que vão dar em longos corredores abobadados, cujo carácter original foi reforçado pela descoberta e restauração cuidadosa da antiga estrutura de tijolos. Curiosamente, a adega já foi usada para produzir munições durante a II Guerra Mundial.
A arquitetura moderna da Loimer constrata com uma cave de 200 anos
Hoje, além de armazenar vinhos também serve para conectar dois dos edifícios modernos da propriedade. As modificações na Loimer também permitiram a criação de uma nova vinícola de três níveis. Assim, o seu design permite processar o vinho sem a necessidade do uso de bombas.
A justaposição de designs tradicionais e modernos serve como um reflexo da atitude de seu proprietário em relação à produção de vinho: a união de ideais clássicos e contemporâneos.
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