Redação Publicado em 23/02/2020, às 11h00 - Atualizado em 26/03/2020, às 15h14
Estudo aponta que processamento de álcool pode ter dado vantagem evolutiva aos nossos ancestrais
Segundo o livro Alcohol and Humans: A Long and Social Affair (Álcool e seres humanos: uma relação longa e social), editado por Kimberly Hockings, professora de ciências da conservação na Universidade de Exeter, e por Robin Dunbar, professor de psicologia evolutiva da Universidade de Oxford, a capacidade de nossos ancestrais símios de processar quantidades moderadas de álcool pode ter dado a eles uma vantagem crítica na luta pela sobrevivência
“Cerca de 10 milhões de anos atrás, nossos ancestrais dos macacos africanos estavam comendo frutas caídas no chão da floresta - muitas dos quais teriam começado a fermentar e se tornar alcoólicas. Na época, as populações de símios estavam em colapso, diante da competição com espécies de macacos capazes de comer frutas não maduras”, afirma Hockings.
Essa vantagem calórica permitiu que nossos ancestrais sobrevivessem por períodos desafiadores e esse consumo pode ter continuado ao longo da história da humanidade, pois o álcool, muitas vezes mais seguro que a água potável em muitos lugares, tornou-se fortemente ligado ao avanço de nossa espécie.
Mas quais foram os benefícios do consumo de álcool para nossos antepassados e quais benefícios permanecem hoje? Além do aspecto calórico, há também evidências de que o álcool oferece alguns benefícios à saúde com moderação. O terceiro benefício é seria a “comunidade”. “O álcool nos permite construir e manter amizades e comunidades sociais”, escrevem os autores. Macacos e humanos são criaturas extremamente sociais. Portanto, além de uma vantagem calórica básica, o consumo moderado de álcool pode ter lubrificado a arte das comunidades sociais em nossos ancestrais.
“O consumo excessivo de etanol por humanos modernos (por exemplo, alcoolismo) pode ser visto conceitualmente como uma doença de excesso nutricional”, aponta o livro. Embora o consumo excessivo seja um perigo, Hockings ressalta que a relação da humanidade com o álcool é multifacetada. “O álcool é frequentemente visto apenas como um ‘problema social’ ou como um meio de se embebedar - mas isso ignora sua importância no tecido social e cultural de muitas sociedades”, conclui.