País pode sofrer a menor safra em 13 anos
Redação Publicado em 12/10/2018, às 20h00 - Atualizado em 13/10/2018, às 15h44
A VinPro, que representa a indústria do vinho da África do Sul, está prevendo uma safra com volume 20% menor em comparação com 2017. Essa queda deve-se às severas secas pelas quais o país tem passado recentemente.
Foram aplicadas regras rigorosas de preservação de água por causa de uma seca de vários anos que colocou a Cidade do Cabo sob risco de ficar sem água e, com isso, foram implantados limites rígidos à irrigação, o que impactou diretamente nos rendimentos dos vinhedos. Os produtores de vinho a granel, que tendem a irrigar mais, foram mais afetados.
A indústria de vinhos a granel do Cabo, que responde por cerca de 60% das exportações de vinhos da África do Sul, foi gravemente afetada, mas os produtores menores, focados em vinhos de alta qualidade, também. Cada uma das 10 principais regiões vinícolas do país foi atingida de maneira diferente pela seca.
“Certas variedades e tipos de solo se beneficiam de ter menos irrigação, enquanto alguns solos têm maiores características de retenção de água”, disse Kevin Arnold, de Waterford Estate. Há 20 anos, a equipe da vinícola plantou estrategicamente variedades mediterrâneas resistentes à seca, como Mourvèdre, Tempranillo, Barbera, Grenache Blanc e Sangiovese. “Essa decisão literalmente nos salvou”.
Chris Mullineux, da Mullineux & Leeu Wines, afirmou que os rendimentos na região de Swartland caíram 50%, em média, este ano. “Há tempos desafiadores à frente, já que os volumes estão muito baixos. Os preços para uvas, vinhos a granel e premium aumentarão”, disse.
De acordo com a Wines of South Africa (WOSA), os preços do vinho a granel já subiram 30%, o que tem um efeito indireto nos vinhos engarrafados. Até o ano passado, havia um excedente de vinho a granel, que agora está esgotado. Siobhan Thompson, CEO da WOSA, acredita que, no longo prazo, a seca pode ter um efeito positivo para a indústria: “Com desafios, sempre surgem oportunidades”.