Francisco Baettig, enólogo da Vinã Errázuriz, agora produz seus próprios vinhos na Baettig Wines
Silvia Mascella Rosa Publicado em 08/03/2022, às 16h00 - Atualizado em 11/03/2022, às 10h36
Alguns anos atrás, o agrônomo e enólogo chileno Francisco Baettig concedeu uma entrevista aos editores de ADEGA Eduardo Milan e Arnaldo Grizzo.
Entre algumas opiniões controversas, para um enólogo que é responsável por um dos vinhos ícones do Chile, o Seña (palavra que ele próprio repudia: "ícone"), ele declarou ao final da conversa que tinha sim o desejo de ter um projeto próprio: "Não tenho dinheiro para vinhedos na zona central, onde a terra é muito cara. Mas gosto mesmo do sul, do sul profundo, 600 quilômetros de Santiago. Creio que lá existe um potencial muito interessante", declarou.
Agora, em 2022, o sul profundo, como o enólogo chamou, é a localização de seus vinhedos, da Baettig Wines. A região escolhida é a de Traiguén, um planalto com solos vulcânicos que demandou até mesmo a presença de uma geóloga para o melhor entendimento das terras. O vinhedo recebeu o nome de Los Suizos em homenagem aos bisavôs de Francisco, que imigraram para o Chile no final do século 19 para as terras próximas de Traiguén, na província de Malleco.
A bela região tem muitos parques nacionais com flora e fauna protegidas e muitas florestas nativas, cascatas e vulcões ativos.
Para Francisco, a terra é ideal para o cultivo sustentável e sem irrigação, dado o sistema de chuvas bem abundante dessa zona fria e de temperaturas mais baixas, com solos pedregosos e vulcânicos de boa fertilidade. O terreno possui 22 hectares, dos quais 9 foram plantados com a variedade Pinot Noir e 6,4 hectares com a variedade Chardonnay, ambas de clones franceses.
Até o momento são quatro os vinhos, dois brancos e dois tintos, dois deles de parcelas únicas do vinhedo e os outros dois com a combinação de uvas de mais de uma parcela.
A Baettig Wines é uma parceria de Francisco com um amigo de mais de 20 anos, da área do marketing vitivinícola, Carlos de Carlos e eles afirmam: "Queremos fazer vinhos deliciosos e excitantes, que sejam conectados à terra da qual provém, onde o clima frio, a chuva e o solo vulcânico estejam refletidos, assim como as pessoas de Traiguén, em vinhos elegantes, puros, austeros e com potencial de envelhecimento".
Mesmo com a nova empresa, o enólogo pretende conciliar o trabalho na Viña Errázuriz. ADEGA já degustou os novos vinhos, clique aqui para conferir as resenhas.