Fruto da visão de um empreendedor, vinícola catarinense se destaca no cenário nacional
Arnaldo Grizzo Publicado em 15/11/2021, às 10h00
Os vinhedos da Vivalti em São Joaquim, Santa Catarina
Vicente Donini está acostumado ao mundo dos negócios. Sabe que há momentos em que o retorno do investimento é mais rápido e também que, na maioria dos casos, é necessário visão, paciência e determinação para alavancar uma empresa.
Entre seus empreendimentos, a marca de roupas infantis Marisol, famosa mundialmente, talvez seja o mais destacado. Mas, antes de fundá-la, ele esteve por 29 anos no Grupo Weg. E o sucesso da Marisol também não veio de um dia para o outro.
Ou seja, Vicente entende perfeitamente o que é aguardar o momento certo. E, em 2015, depois de ter encaminhado e consolidado as transições no comando das empresas da família, decidiu investir em uma paixão. Após tantas viagens pelo mundo, tantas oportunidades de frequentar boas mesas participando de experiências enogastronômicas, passou a olhar com carinho para a serra catarinense e para as origens de sua família.
Descendente das famílias Donini/Ogliari – imigrantes originárias de Cremona e de Bergamo, ambas da Lombardia, que aportaram no Brasil em 1892 e se radicaram em Santa Catarina –, Vicente escolheu uma propriedade com 52 hectares a uma altitude média de 1.310 metros acima do nível do mar, próxima ao centro de São Joaquim, para, com inspiração toscana, dar início à vinícola Vivalti.
O nome tem duas “origens”. A primeira seria uma espécie de contração de Vinhos de Altitude, designação da nova Indicação de Procedência de Santa Catarina. E depois por remeter a Antonio Vivaldi, célebre compositor italiano, famoso especialmente por suas “Quatro estações”, um dos preferidos das playlists de Vicente.
Vinícola está localizada a 1.310 metros acima do nível do mar, próxima ao centro de São Joaquim
Dos 16 hectares de vinhedos previstos, 12 já foram plantados. O projeto de uma vinícola portentosa ainda está em andamento, mas já há espaço para vinificação e receptivo. O enólogo responsável é Átila Zavarize, que impressionou Vicente com seu comprometimento. Segundo ele, antes de aceitar assumir o cargo, o jovem enólogo lhe fez 10 perguntas emblemáticas. Entre as questões, “testes de determinação”, como a possibilidade de dizimar vinhedos cujas uvas não estivessem entregando bons resultados. Ao que teve como resposta: “Com certeza, arrancaria todas as plantas e começaria tudo de novo”. Um passo certamente ousado para quem se aproxima dos seus 80 anos.
“A atividade vitivinícola é de longa maturação, complexa, prazerosa, mas impõe muita resiliência. A sua sustentação ao longo do tempo requer que a família envolvida se apaixone pelo negócio, para que as gerações que se sucedem deem continuidade à atividade com o mesmo entusiasmo, não por obrigação, mas pela satisfação de que o trabalho diuturno vem sendo reconhecido”, finaliza Vicente.
Elaborado exclusivamente a partir de Sauvignon Blanc, sem passagem por madeira este é mais uma ótima versão desse vinho. Chama atenção pela acidez vibrante, pela textura firme e cremosa e pelo final persistente, com toques salinos e de limão siciliano, que convidam a mais um gole. Aqui menos é muito mais.
Este é um rosé de Sangiovese e Touriga Nacional, sem passagem por madeira. Fresco, tenso e vibrante, tem acidez pulsante, textura firme e final saboroso e convidativo, com toques salinos e de limão siciliano.
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