Vinícola com nome inspirado na música de Milton Nascimento floresce no sul de Minas Gerais
por Arnaldo Grizzo
Vinhedos da vinícola Maria Maria em Três Pontas, Minas Gerais
Quando Eduardo Junqueira Nogueira Junior, hoje com 57 anos, sofreu um ataque cardíaco em 2006, precisou repensar seus hábitos.
Vindo de uma família de tradicionais cafeicultores de Três Pontas, Minas Gerais, foi aconselhado pelo médico a mudar, entre outras coisas, da cerveja para o vinho. E aí, de repente, dessa adversidade, nasceu um dos projetos que mais chama a atenção na vitivinicultura do Sudeste, o Maria Maria.
A vinícola hoje conta com 21 hectares de vinhedos
O nome já havia sido decidido bem antes de os vinhos sequer serem produzidos. Em 2009, quando os primeiros vinhedos estavam sendo implantados, Eduardo recebeu a visita de seu amigo Milton Nascimento, que foi criado em Três Pontas. O músico achou aquilo uma loucura, mas o amigo falou: “Vai dar certo, vou produzir bons vinhos aqui e quero que você seja meu sócio. Nosso vinho vai chamar Maria Maria”. “Vai chamar não, já chama”, retrucou o cantor.
Milton Nascimento não se tornou sócio do projeto – que faz parte de uma empresa familiar de Eduardo com seus três irmãos Sylvia Ines, Antonio Augusto e José Geraldo, que cultivam café e outras lavouras. A vinícola Maria Maria é gerida por ele e seu filho, Eduardo Junqueira Nogueira Neto, de 31 anos, com o apoio, desde 2015, da enóloga Isabela Peregrino.
“Em 2007, meu pai ficou sabendo que tinha um pesquisador da Epamig, o Murillo Albuquerque Regina – ‘o pai da dupla poda’, sem ele nada disso estaria acontecendo na nossa região – que estava começando com projetos experimentais. Ele explicou a viabilidade econômica, meu pai gostou da ideia e encomendou as primeiras mudas para serem plantadas na nossa fazenda Capetinga”, conta Eduardo Neto. “Era tudo muito novo, então quando a gente plantou não sabia se a uva ia nascer, depois não sabia se ela ia crescer, não sabia se ela ia produzir, não sabia qual que seria a qualidade do vinho”, rememora.
Os primeiros vinhedos foram plantados em 2009
Começaram com 5 hectares de Syrah, Sauvignon Blanc e Cabernet Sauvignon. E, em pouco tempo, percebeu-se que havia qualidade. Depois de um processo de expansão e avaliação de variedades, chegaram à conclusão de manter apenas os carros-chefes com Syrah e Sauvignon Blanc, que juntas compreendem agora 21 hectares – apesar de ainda avaliarem usar Cabernet Sauvignon e Franc no futuro.
A primeira safra veio em 2013, com um branco, Ada, um tinto, Agda, e um rosé, Anne, nomes de mulheres da família. E, a cada nova safra, seguem-se as homenagens em ordem alfabética. “A safra passada 2020, foi a sexta, então usamos a letra F. A safra 2021 vai ser com a letra G”, diz Eduardo Neto. Se no início os vinhos eram feitos na Epamig, atualmente já há uma vinícola, também em parceria com Murillo. E assim Maria Maria, junto com outros projetos, vem dando alento à viticultura do Sudeste, novos ares em uma região com potencial ainda a ser explorado.
Para conhecer mais sobre o processo de dupla poda, clique aqui.
Esse é um 100% Sauvignon Blanc que esbanja com seus toques de maracujá e aspargos.
Elaborado exclusivamente com Syrah, esse é um vinho cativante e fácil de beber. Além da tipicidade da casta há ainda um frescor que se destaca.
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