Campanha Gaúcha ganha Indicação de Procedência à espera da safra espetacular de 2020

Arnaldo Grizzo Publicado em 09/07/2020, às 18h00 - Atualizado às 16h21

 

O enólogo uruguaio Alejandro Cardozo, acredita que é um passo importante reconhecer que os vinhos da região da Campanha Gaúcha são diferentes das outras do Rio Grande do Sul

No começo de maio, foi criada a Indicação de Procedência Campanha Gaúcha pelo INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial) após um processo de análise que durou pouco mais de dois anos. “Nossa associação tem cerca de 10 anos e há pelo menos sete, com ajuda de muitos parceiros, vem trabalhando para conseguir esse reconhecimento. Esta é uma ocasião muito especial”, garante Clori Peruzzo, presidente da Associação Vinhos da Campanha Gaúcha, que conta com 17 produtores. 

A concessão do INPI veio no dia 5 de maio, em meio à pandemia de Covid-19, mas, mesmo o período turbulento não tirou o ânimo dos produtores, que esperam uma safra espetacular para iniciar os primeiros vinhos com selo “Campanha Gaúcha”. “Nosso terroir é diferente, essa era a nossa busca. Temos 36 castas incluídas e um sistema de trabalho para que cada vinho possa conquistar o selo. A safra 2020, com certeza, vai trazer grandes vinhos para iniciar a IP”, diz Clori. 

 

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Ao se analisar as regulamentações da nova IP, sexta exclusivamente para vinhos finos no Brasil, percebe-se que, apesar das características próprias, a juventude da região fala alto, abrindo espaço para 36 variedades de vitis viníferas, que vão desde as consagradas no local como Tannat, até outras menos faladas como Colombard. E há ainda um adendo de que outras podem ser usadas dependendo da análise do Conselho Regulador. 

Permite-se apenas o sistema de espaldeira e produtividades de até 10 toneladas por hectares para tintas em geral e 12 ton/ha para brancas. Poderão levar o selo vinhos brancos, tintos, rosados e espumantes, somente produzidos com uvas vitiviníferas. Mas o que mais chama a atenção na IP são seus impressionantes 44.365 quilômetros quadrados de área próxima da fronteira com o Uruguai. 

“Esse é um primeiro passo importante para a região, reconhecer que os vinhos da Campanha Gaúcha são diferentes das outras regiões do Rio Grande do Sul. Agora o ideal é trabalhar para afunilar mais os terroirs, pois é uma região muito grande com vinhos que podem ser bastante diferentes entre si também”, aponta Alejandro Cardozo, enólogo uruguaio que trabalha na vinícola Guatambu. Ele lembra que, numa área em que as distâncias entre uma ponta e outra podem ser de quase 500 quilômetros, há uma considerável diferença de climas e solos. Mas, ainda assim, a IP é um reconhecimento de que a região tem um diferencial que precisa ser notado. 

 

 

 

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