Château Pédesclaux inova na arquitetura vinícola e desafia tradições centenárias

A renovação do Château Pédesclaux faz a fusão entre tradição e modernidade sendo um novo marco na viticultura francesa

Arnaldo Grizzo Publicado em 09/09/2024, às 10h30

O novo design envidraçado do Château Pédesclaux buscou a união entre inovação e história na produção de vinhos -

A renovação do Château Pédesclaux, Grand Cru Classé de 1855 em Pauillac, marca uma revolução na arquitetura vinícola. Sob a direção de Jacky Lorenzetti e o renomado arquiteto Jean-Michel Wilmotte, a propriedade passou por uma transformação profunda, combinando tradição e modernidade.

Com uma nova adega de 2.000 m² e um design envidraçado que destaca o processo de vinificação, o château se tornou um símbolo de inovação. A expansão dos vinhedos e o uso de materiais nobres reforçam a conexão entre o terroir e a produção de vinhos de excelência.

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Em 2009, o Château Pédesclaux, um Grand Cru Classé de 1855 localizado na região de Pauillac, foi adquirido por Jacky Lorenzetti, magnata também dono dos Châteuax d’Issan e Lafon-Rochet.

A partir de então, ocorreu uma transformação profunda e abrangente da propriedade, tanto em termos de vinicultura quanto de arquitetura. A colaboração com a renomada agência Wilmotte & Associés, liderada pelo arquiteto Jean-Michel Wilmotte, resultou em uma metamorfose que harmoniza tradição e modernidade, destacando-se pela inovação técnica e estética.

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A primeira etapa da transformação do Château Pédesclaux envolveu uma expansão significativa dos vinhedos, de 26 para 48 hectares. No entanto, a intervenção mais notável foi a construção de uma nova adega de 2.000 m², um feito arquitetônico e tecnológico desenhado para otimizar cada etapa do processo de vinificação.

A nova adega do Château Pédesclaux é um exemplo paradigmático de como a arquitetura contemporânea pode servir à vinicultura. O edifício, inteiramente envidraçado, oferece uma visão clara do processo de produção.

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As cubas troncocônicas de inox, dispostas em dois andares, são visíveis do exterior, criando um diálogo contínuo entre o terroir e a produção. Este design transparente não só celebra a beleza do processo de vinificação, mas também reforça a conexão entre a terra e o vinho. 

Projeto arquitetônico harmoniza tradição e modernidade, destacando-se pela inovação técnica e estética

 

A estética é marcada pelo uso de lâminas de alumínio anodizado em bronze na fachada, que mudam de cor conforme a luz do dia, variando do bronze ao ouro. Esta variação dinâmica espelha o ciclo natural das vinhas e adiciona um elemento gráfico que remete à estrutura das parreiras. A combinação de materiais nobres, como concreto branco e nogueira da América, reforça a simplicidade e a elegância do espaço. 

As lâminas de alumínio anodizado em bronze na fachada mudam de cor conforme a luz do dia

 

Além da adega, a renovação incluiu a criação de uma plataforma funcional para os funcionários, localizada na parte norte do château, abrangendo o rés-do-chão e o primeiro andar. Esta área foi projetada para maximizar a eficiência operacional, ao mesmo tempo em que proporciona um ambiente agradável para os trabalhadores. Foi imaginado um verdadeiro percurso do château às caves através de um jardim zen aromático.

Torre envidraçada

No coração do château, ao redor da icônica “torre”, foi instalada uma sala de degustação. Este espaço foi concebido para oferecer uma experiência sensorial completa, onde visitantes e enófilos podem apreciar os vinhos em um ambiente que reflete a essência do terroir e a meticulosa atenção aos detalhes da produção.

A vinícola foi projetada como uma estrutura 100% gravitacional. Localizada sob a sala das cubas, meio enterrada, a adega mantém uma temperatura ideal e pode acomodar até 1.800 barris dispostos em três níveis. O uso de bastões de madeira clara nas paredes e teto harmoniza com as barricas de carvalho, criando um ambiente que respira tradição e inovação.

“Restauramos o seu lugar na propriedade adicionando dois volumes envidraçados. Esta intervenção na fachada permitiu ‘dar asas’ ao château”, disse o arquiteto Jean-Michel Wilmotte. As duas "asas" de vidro adicionadas ao château simbolizam um "vôo", dando uma sensação de leveza e movimento à estrutura histórica.

Arquitetura minimalista aliou um modelo de eficiência com e elegância, criando um jogo visual fascinante

 

Este contraste entre o vidro liso e o louro da pedra polida cria um jogo visual fascinante. A transparência dos edifícios não só oferece uma estética contemporânea, mas também uma funcionalidade. A integração de tecnologia e design minimalista transforma o Château Pédesclaux em um modelo de eficiência e elegância.

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