Alguns cuidados devem ser tomados ao eleger uma garrafa de tinto nesta estação do ano
Euclides Penedo Borges Publicado em 26/11/2021, às 16h00 - Atualizado às 16h10
A dica é prestar atenção no corpo, teor alcoólico e tanicidade
Ainda que as temperaturas ambientais elevadas possam influenciar o desejo de beber vinhos, os comentários de que os tintos não são adequados para o verão não procedem e os argumentos usados em tais comentários não têm sustentação.
Tratando-se, entretanto, de uma bebida alcoólica à qual não se deve adicionar gelo, pois isso lhe altera a essência, a degustação de vinhos tintos nas épocas mais quentes do ano merece algumas considerações e certo enquadramento. Algumas orientações quanto à escolha e à degustação de um "tinto de verão" devem ser consideradas, sendo que um dos seus atributos pode ser destacado de imediato: deve ser apropriado para ser bebido frio, diferentemente dos tintos encorpados e taninosos.
Assim sendo, com referência a tipo e estilo, a preferência deve ser para os chamados tintos jovens, prontos para o consumo dentro de dois a quatro anos após a safra, não mais que cinco, elaborados usualmente com uvas internacionais menos estruturadas como a Cabernet Franc, a Gamay, a Pinot Noir, alguns Merlots fora de Bordeaux, além de variedades regionais tintas mais leves: Bonarda, Barbera, Trincadeira...
No que diz respeito às sensações, eles devem agradar pelo brilho de sua cor rubi, por seus aromas florais, frutados e de vegetais frescos, pela acidez, e consequente frescor, ainda marcante, com um fim de boca francamente frutado. Corpo, teor alcoólico e tanicidade devem ser apenas moderados.
Considere-se em seguida a temperatura de serviço. Mesmo que você seja cético em relação à maneira de degustar dos enófilos, atente pelo menos para esta temperatura. Servir um tinto muito quente é um meio garantido para se dar mal com um bom exemplar, arruinado pela causticidade do álcool. Muito frios, os tintos apresentam-se sem aromas e, anestesiadas as papilas, quase sem sabor. No caso dos vinhos de verão, o serviço deve ser próximo de 14ºC e, se há dificuldades de controle da temperatura, é melhor exagerar no resfriamento pois o vinho aquece rápido e, se for necessário aquecê-lo mais um pouco, basta envolver o corpo do copo com as mãos.
Quanto mais leve e menos taninoso for o vinho - e diversos vinhos modernos são pouco taninosos - mais fresco deve ser servido. Um Beaujolais comum, por exemplo, tinto de verão por excelência, poderia ser servido entre 12 e 14ºC, pouco mais que um branco. Finalmente, lembremos que os tintos de verão são indispensáveis quando se trata de acompanhar adequadamente a comida, em especial embutidos, presuntos, carnes frias como rosbife, massas e queijos simples e pouco gordurosos como pede a estação mais quente do ano.
Alguns tintos brasileiros menos amadeirados já consolidados no mercado, como os Valduga, Cave de Amadeu, Terranova, etc. e outros mais recentes como os da vinícola Lídio Carrara, podem atender aos requisitos acima de forma vantajosa. Procure a safra mais recente, confira se o teor alcoólico é igual ou inferior a 13ºC e o beba refrescado a cerca de 14ºC. É um tinto com gosto de verão!
O número 1551 é uma menção ao ano de introdução das primeiras vinhas plantadas no Chile. Direto, fácil de entender e gostoso de beber, mostra ameixas e amoras acompanhadas de notas de ervas e de especiarias. No palato, tem corpo médio, boa acidez, taninos finos e final também médio, com toques florais e de cassis.
Este é um 100% Pinot Noir com estágio de 14 meses em foudres de carvalho sem tosta. Apresenta boa complexidade, com frutas vermelhas maduras, acidez vibrante, taninos de ótima textura e final longo, com notas salinas e de romãs.
Composto de Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Roriz, Tinto Cão e Tinta Francisca, com fermentação espontânea e estágio de 9 meses parte em cubas de cimento e parte em barricas usadas de carvalho francês. Essa é mais uma ótima e fresca versão desse vinho.
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