Explore a diversidade de Champagne e descubra as auatro faces da denominação de origem com mais de 34.000 hectares
Arnaldo Grizzo Publicado em 11/10/2024, às 10h08
Por ter se tornada sinônimo de espumante, muitas vezes pensamos em Champagne como uma coisa só. Mas a área de produção é de 34.000 hectares, ou seja, uma região relativamente ampla, que produz uvas com características distintas.
Assim como na Borgonha, há uma divisão de vales e montanhas e há 319 crus em quatro regiões principais de cultivo: a Montagne de Reims, o Vallée de la Marne, a Côte des Blancs e a Côte des Bar.
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Juntas, essas regiões compreendem cerca de 281.000 parcelas de vinha, cada uma medindo aproximadamente 12 ares (100 metros quadrados). Dezessete vilas são classificadas como Grand Cru e 42 como Premier Cru.
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Os vinhedos são plantados em altitudes de 90 a 300 metros, em encostas (coteaux) predominantemente voltadas para o sul, sudeste e leste. Para entender um pouco melhor as características de Champagne, é interessante compreender as nuances de cada uma das quatro regiões.
O que se chama de Montagne de Reims está mais para uma colina do que uma montanha. Ela fica entre os rios Marne e Vesle, formando um promontório amplo e ondulado de florestas e matagais que se estende de leste a oeste por cerca de 30 km e de norte a sul por 6 a 10 km.
Seu ponto mais alto entre Verzenay e Verzylies fica cerca de 275 metros acima do nível do mar. O planalto em seu topo, dividido pela estrada Reims-Epernay, está situado em um parque nacional de 10.000 hectares.
Os vinhedos ficam a oeste e norte, plantados em um grande semicírculo que se estende de Louvois a Villers-Allerand. As vinhas cobrem as encostas calcárias e os vales íngremes das famosas vilas de Bouzy e Ambonnay, seguindo os contornos da “montanha”, de Trépail a Villers-Marmery, contornando a planície e as famosas comunidades de Verzenay, Mailly e Verzy. As vinhas são predominantemente plantadas com Pinot Noir, exceto em Trépail e Villers-Marmery, onde Chardonnay também tem espaço.
As vinhas do Vale do Marne começam de um lado em Tours-sur-Marne, em frente ao contraforte de Bouzy, na última das colinas que marcam o limite da planície calcária de La Champagne Pouilleuse, e do outro lado em Épernay, estendendo-se em direção a oeste ao longo das duas margens do rio Marne, mas principalmente na margem direita com exposição sul e sudeste.
Seus crus mais importantes são Aÿ (reconhecido por seu Pinot Noir, ou Pinot Vert Doré, como é conhecido localmente) e Mareuil. Ali também fica Hautvillers, onde Dom Pérignon teria descoberto a arte de fazer Champagne.
No Marne, a Pinot Meunier domina, exceto em Dizy, Champillon e Cumières, onde é acompanhada pela Pinot Noir. Todos os crus, em ambos os lados do rio, são plantados exclusivamente com Pinot Meunier, produzindo vinhos mais leves e frescos, muito apreciados, que servem para equilibrar os blends.
Na região de Epernay também vigora a Pinot Meunier, com vinhas ocupando as encostas que se estendem de Épernay a Ablois por meio de Pierry; e também de Brugny-Vaudancourt a Mancy, formando um semicírculo de vinhedos com declive acentuado.
A Côte des Blancs, como o próprio nome indica, é a região das uvas brancas. Uma colina em forma de losango, com cerca de 80 metros de altura, estende-se ao sul da estrada N3 Epernay-Chalons por 20 km até Bergères-les-Vertus.
A região encontra-se perpendicular ao Vale do Marne. Exceto pela comuna de Vertus, que possui consideráveis vinhedos de Pinot Noir, a Côte é plantada com Chardonnay.
Suas encostas são mais íngremes do que as da face nordeste de Montagne, e os solos terciários tendem a ser menos espessos. O cume coberto de calcário da Côte des Blancs é onde o Chardonnay encontra sua melhor expressão. Há quatro vilas Grand Cru no centro da Côte – Cramant, Avize, Oger e Le Mesnil-sur-Oger – e, obviamente, são as mais procuradas na denominação.
Logo ao sul fica a Côte de Sézanne, uma continuação da Côte des Blancs, separada apenas pelos pântanos de Saint Gond. O subsolo é mais argiloso com algumas bolsas de calcário e as vinhas são orientadas para o sudeste. Como Côte des Blancs, a Chardonnay domina.
Historicamente, Aube faz parte da província de Champagne desde a Idade Média, quando Troyes era a capital da província. Agora conhecida como Côte des Bar, os principais vinhedos de Aubois ficam entre 120 e 145 km a sudeste de Épernay. Estão divididos em duas sub-regiões: Barséquenais, centrada em Bar-sur-Seine, e Barsuraubois, em Bar-sur-Aube.
A Côte des Bar está localizada na parte sul de Champagne, caracterizada por encostas jurássicas sobrepostas à rocha calcária Kimmeridgiana, que se estendem por 320 km de Haute-Marne e Aube, passando por Chablis e até Sancerre e Pouilly-sur-Loire.
Cortada por pequenos vales que se conectam com os do Sena e do Aube, a Côte des Bars abrange vinhedos com diversas exposições. A variedade predominante é a Pinot Noir, que graças ao clima e à geologia, produz vinhos de grande leveza.
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