Cultivo de videiras continua em meio à guerra na Ucrânia

Em meio à guerra na Ucrânia, um projeto está incentivando o cultivo de videiras através da retirada de minas terrestres

Marcel Cardoso Publicado em 03/02/2023, às 09h28

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A guerra na Ucrânia, que completa um ano em fevereiro, provocou um duro golpe na produção de vinhos secos de estilo ocidental, especialmente nas regiões do sul de Odessa e Kherson, que vinha crescendo entre 7% a 9% nos últimos nove anos. Somente em 2021, mais de 100 milhões de litros de vinho foram produzidos em quase 100.000 acres de vinhedos, onde prosperaram 180 variedades de uvas.

Videiras em meio a campos minados

Com os conflitos, as vendas de muitos produtos produzidos localmente caíram,  afetando especialmente o álcool, que foi proibido durante certos períodos. Várias vinícolas foram destruídas, vinhedos foram descascados e as principais regiões produtoras de vinho, incluindo Kherson, Mykoliav e Zaoprizhzhia, tiveram que interromper as suas atividades.

Apesar desses reveses e do atual clima de extrema tensão, o trabalho continua em algumas vinícolas e um trabalho em especial foi reconhecido internacionalmente. A diretora-executiva da Beykush Winery e presidente da associação ucraniana de produtores de vinho artesanal, Svetlana Tsybak, foi premiada pela Decanter World Wines, em reconhecimento à sua bravura e pela continuidade da operação, em meio a inúmeros campos minados.

'Raízes da Paz'

O trabalho iniciado por Tsybak continua através do projeto Roots of Peace (Raízes da Paz), que visa retirar as minas terrestres em campos altamente férteis e beneficiar o plantio nestas áreas. 

"As minas terrestres são uma abominação, um câncer esperando na terra", disse a fundadora do movimento, Heidi Kuhn. "A única solução é a remoção. E a partir daí, se queremos que a economia de um país cresça, temos que substituir essas minas por coisas que vão crescer. Vinhas, árvores frutíferas e culturas que vão ajudar a reconstruir a economia."

Apesar do processo ser extremamente delicado, por conta do manuseio de potenciais explosivos, a transformação de território minado em novas videiras não é feita de um dia para outro. "Não estamos apenas transformando minas em vinhas", segundo Kuhn. "Estamos oferecendo um modelo de negócios para a paz. A paz é a aspiração mais difícil, mas também é a mais recompensadora. Não podemos desistir."

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