Cinco bebidas servidas em copos e taças diferentes mostram como a indústria se preocupa em desenvolver recipientes apropriados para melhor desfrutá-las
Por Cesar Adames Publicado em 08/11/2013, às 00h00
Copo: recipiente com formato cilíndrico usado para armazenar pequena quantidade de líquido. Esta é uma das dezenas de definições para esse instrumento, fundamental para quem aprecia uma boa bebida, desde água, vinho, cerveja, até destilados em geral.
Para muitos, porém, fica sempre uma dúvida do que é copo e o que é taça. Normalmente, o copo tem uma base grossa enquanto a taça tem uma haste para evitar que a mão interfira na temperatura do líquido.
Com o passar dos anos e surgimento de novos tipos e estilos de bebidas, os copos também tiveram uma evolução, seja nos materiais, seja no formato, com novos designs que buscam sempre tirar o que de melhor cada bebida pode dar. No mundo do vinho, vemos isso claramente. Cada estilo de vinho tem sua taça. O nível de especialização é tão grande que produtores de vinho se reúnem com fabricantes de taças para criar modelos específicos para suas bebidas.
Então, pode-se dizer que existe um copo para cada tipo de bebida e uma bebida para cada tipo de copo. Diante disso, selecionamos cinco tipos de bebidas para mostrar como suas taças e copos evoluíram e quais são os formatos mais indicados para cada uma delas.
A taça baixa, que segundo a lenda foi moldada no seio de Maria Antonieta, já não é mais usada. A ideal para servir espumantes atualmente é a flauta, onde podemos observar as borbulhas | A tradicional taça bojuda e baixa para Cognac tem sido substituída por uma taça de bojo menor e mais fechado, para que a apreciação dos aromas seja melhor e menos agressiva | O Caballito, semelhante ao copo de shot, ainda é usado para tequila branca, e a Copita, feita para degustar tequilas envelhecidas |
Cada bebida pede um tipo de taça ou copo para que seus aromas e sabores sejam apreciados da melhor forma
Quem já assistiu a filmes das décadas de 1940 e 1950, com certeza, deve ter visto cenas em que uma pirâmide era formada com taças de espumante para depois jorrar uma cascata de Champagne. Essa taça baixa e de bojo aberto era conhecida como Maria Antonieta, pois, diz a lenda, teria sido moldada no seio da rainha francesa. Por muitos anos, ela foi utilizada para servir Champagne e outros espumantes até que a perlage, conjunto de pequenas bolhas que saem do fundo da taça, passou a ser valorizada e, nessa taça, ela se perdia rapidamente.
Foi a partir desta observação que a indústria de espumantes, mais precisamente Champagne, resolveu criar uma nova taça, a flûte, ou flauta, que hoje é acessório obrigatório para desfrutar de um espumante. O ideal é sempre servir dois terços da bebida na flûte para facilitar o aspecto visual, pois é possível observar detalhadamente as delicadas bolhas subindo além de se manterem por mais tempo já que a área de evaporação na boca da taça é menor.
O mais famoso dos brandies é o Cognac, bebida francesa obtida a partir da destilação do vinho e um dos primeiros destilados a ser criado – por volta de 1.300. O copo para seu consumo recebe o nome de Cognac, mas pode servir outros tipos de brandies.
Tradicionalmente, ele tem a base curta para que a palma da mão aqueça o copo e libere os aromas da bebida. O grande problema desse formato é o tamanho do bojo. Uma dose normal (que no Brasil é de 50 ml) parece mínima dentro de um copo tão grande – tem capacidade de até 180 ml.
A grande área interna do copo, diante da quantidade de bebida, acaba criando uma área chamada de câmara de explosão de aromas, que aumenta muito a percepção alcoólica da bebida. Pensando nisso e tentando ganhar novos e jovens consumidores, os produtores da bebida estão investindo em um novo formato, menor e com bojo mais fechado para que a percepção do aroma seja melhor e menos agressiva.
Consumida por muitos apenas com limão e sal, a tequila sempre foi servida em um copo simples, que por muitas vezes é confundido com o shot. O nome do recipiente tradicional para a bebida é Caballito, que tem as mesmas medidas de base e boca – diferente do shot, que tem a base menor que a boca e é muito comum em bares. A forma ideal de consumo é tomar pequenos goles de tequila branca ou reposada no Caballito e não virar tudo de uma vez só como no shot.
Com a valorização da bebida e criação do CRT, Consejo Regulador de Tequila, o México quer difundir ainda mais o consumo da Tequila Anejo e Extra Anejo, que têm maior tempo de envelhecimento. Para isso, em conjunto com a empresa Riedel, o CRT desenvolveu uma taça muito semelhante à de espumantes, chamada de Copita. Com uma haste longa e boca mais fechada, os aromas da bebida envelhecida ficam mais fáceis de serem percebidos.
O tradicional copo “on the rocks” vem perdendo espaço para os copos mais altos na hora de provar blended whisky. Para os Single Malt, indica-se usar o Dram, de fundo espesso e boca fechada | Os bebedores de cachaça costumam usar o shot. No entanto, com produtos cada vez mais elaborados no mercado, os produtores estão desenvolvendo novos copos para melhor apreciar os aromas e sabores da bebida |
Fabricantes de taças trabalham em conjunto com produtores de bebidas para desenvolver recipientes específicos
O copo para servir whisky pode ter vários nomes como Old Fashioned, Double Old Fashioned, “on the rocks”, ou simplesmente, copo para whisky. Normalmente, ele é baixo e com grande área interna, para que se possa servir a bebida e bastante gelo. Em alguns casos, serve até para alguns tipos de coquetéis que utilizam whisky em sua preparação.
No Brasil, um dos maiores consumidores de whisky do mundo, esse tipo de copo vem perdendo lugar para o tradicional copo de água/suco. É o tipo que permite colocar muito gelo e, depois de uma dose da bebida, isso faz com que ela gele rapidamente e também dilua um pouco o teor alcoólico, tornando mais fácil o consumo do blended whisky.
Para os Single Malt, o copo indicado é o Dram, com fundo espesso e boca ligeiramente fechada. Apesar de não existir um fornecedor oficial para o estilo, o The Glencairn Glass, que surgiu em 2005, recebeu diversos prêmios de design e é o copo utilizado pela The Scotch Whisky Experience em Edimburgo, Escócia.
A forma mais comum de servir e consumir a cachaça é no copo shot, que tem uma base menor do que a boca. Alguns relatos davam conta que a base do shot normalmente precisava ser reforçada, pois, quando serviam uma cachaça de qualidade inferior, o consumidor bebia tudo de uma vez só e batia com o copo na mesa. A grossura do fundo impedia assim que ele se quebrasse.
O consumo de cachaça continua sendo feito em shots na maioria dos bares do Brasil, mas os produtores de cachaças envelhecidas têm se preocupado em destacar as qualidades de seu produto. Ainda não existe uma taça padrão para esse tipo de cachaça e os modelos encontrados no mercado podem ser muito parecidos com taças de licor, vinho do Porto ou brandy.