Proprietários são acusados de manipular a classificação para que seus vinhos fossem melhores classificados
André De Fraia Publicado em 21/09/2021, às 10h00
Começa na França o julgamento que pode levar Hubert de Boüard, proprietário do Château Angélus, e Philippe Castéja, proprietário do Château Trotte Vieille para a cadeia.
Os dois são acusados de manipular o sistema de classificação de Saint-Émilion para que os seus Châteaux fossem classificados como Grand Cru e os preços elevassem.
Ambos, segundo a acusação, são membros influentes do INAO – o Institut national de l'origine et de la qualité, órgão francês responsável pelas denominações de origem no país – e teriam alterado as regras na revisão de 2012 de forma que suas propriedades ganhassem a classificação máxima.
“É um sistema que não informa ao consumidor que a nota de degustação só conta 30% no ranking”, disse Eric Morain, advogado da acusação ao jornal britânico The Telegraph, explicando que o resto é baseado na fama e notoriedade do château, “um sistema que vende marcas e não mais uvas”, completou.
Segundo os acusados, as decisões no INAO ocorrem de forma sempre unânime entre dezenas de juízes e que as regras impostas pelo órgão foram respeitadas durante todo o processo. O julgamento continua e a pena máxima, caso condenados, é de cinco anos de prisão e multa de 500 mil Euros.
Recentemente o sistema de classificação de Saint-Émilion já havia sofrido um duro golpe.
As duas maiores vinícolas da região, os Châteaux Cheval Blanc e Ausone, ameaçaram abandonar o sistema justamente por causa das novas regras adotadas. Segundo os produtores “o terroir e a parte da degustação da avaliação foram muito pequenos em comparação com o marketing e a mídia social”.
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