Inventário na adega do La Tour d'Argent revelou sumiço de quase 8 milhões de reais em vinhos
Silvia Mascella Publicado em 31/01/2024, às 13h40
Aos 422 anos de idade, é de se imaginar que pouca coisa possa acontecer de surpreendente em um consagrado restaurante parisiense. Mas da mesma forma que o restaurante em questão serviu de inspiração para o desenho animado Ratatouille, algumas vezes a realidade é mais estranha que a ficção.
O ícone parisiense La Tour d'Argent, há centenas de anos instalado na margem do rio Sena, conduziu recentemente um inventário em sua adega (coisa que não era feita desde janeiro de 2020) e revelou o desaparecimento de 83 garrafas muito especiais cujo valor chega a quase 8 milhões de reais.
LEIA TAMBÉM: Château Margaux lança raro vinho branco
Obviamente a polícia foi chamada e uma investigação foi aberta no Tercero Distrito de Polícia Judicial de Paris, no entanto, não há nenhum sinal de arrombamento no local e o roubo pode ter acontecido em qualquer momento dos últimos quatro anos, até em várias subtrações sequenciais e discretas.
De acordo com um dos sommeliers do local, que não quis se identificar, a adega é muito bem guardada e abriga mais de 300 mil garrafas, com valor estimado em mais de 150 milhões de reais. Entre os vinhos que desapareceram, segundo o sommelier, estão ícones como os do Domaine de la Romanée-Conti e outros Grand Cru.
LEIA TAMBÉM: A França perdeu 37% de seus vinhedos entre 1974 e 2020
Uma garrafa de Romanée-Conti no La Tour d'Argent custa 16.500 euros (pouco mais de 88 mil reais) e elas são todas numeradas, assim a polícia espera que se algum dos vinhos aparecer no mercado paralelo, há alguma chance de saber quem foi o autor do roubo.
O restaurante La Tour d'Argent tem um estrela Michelin e sua carta de vinhos é um livro tão pesado que é trazido à mesa num carrinho de chá. Em sua páginas estão todos os grandes vinhos franceses e, mais ainda, safras raras até de séculos passados, não mais encontradas em qualquer outro lugar. Durante a ocupação nazista, na década de 1940, o então proprietário conseguiu esconder boa parte da garrafas antes que os soldados tomassem o local.