O viticultor Enrico Scavino, do grupo Barolo Boys, faleceu no último domingo no Piemonte
Silvia Mascella Publicado em 28/02/2024, às 13h00
Ele tinha até vinho no sobrenome. O viticultor Enrico Scavino estava prestes a completar 83 anos quando faleceu de uma complicação resultante de uma cirurgia, no último domingo, em um hospital na cidade de Verduno, na região do Piemonte na Itália.
Com 72 vindimas em seu curriculum de trabalho, Enrico era apaixonado pelos vinhedos e compartilhava a produção dos vinhos e o cuidado com a vinícola familiar ao lado das filhas Enrica e Elisa, a quarta geração da vinícola fundada em 1921 em Castiglione Faletto, uma das mais importantes regiões produtoras de Barolo de todo o Langhe. Enrico era neto do fundador Lorenzo Scavino e filho de Paolo, que dá nome à empresa.
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Os jornalistas e degustadores de ADEGA estiveram com a família Scavino no Brasil e também na propriedade na Itália, e sempre desfrutaram - não apenas dos grandes vinhos - como do profundo cuidado de Enrico com seus vinhedos, a dedicação ao trabalho feito na região e o brilho nos olhos, que iluminava toda sua face, ao compartilhar uma garrafa e ao apresentar o solo, as plantas e as barricas de sua propriedade. Seu mais famoso Barolo vem do cru "Bric dël Fiasc", lançado por ele em 1978.
Muitas pessoas que trabalham no mundo do vinho se lembram que esse brilho e esse sorriso também são marca registrada de sua filha Elisa, que veio várias vezes ao Brasil. Ela e a irmã já administravam a vinícola e os 30 hectares de vinhedos ao lado do pai ,e devem dar continuidade aos negócios da família.
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Enrico Scavino, em sua busca por mostrar ao mundo a melhor expressão do terroir das colinas do Langhe, fez parte de um grupo que foi fundamental para o reconhecimentos dos grandes vinhos do Piemonte, os Barolo Boys. Durante boa parte dos anos 1990 ele e um grupo de outros produtores de Barolo andaram pelo mundo numa enorme (e muito bem sucedida) campanha para comunicar e reinterpretar o mais famoso vinho tinto da região. Muitas pessoas "convertidas" por esses vinhateiros passaram a se auto-denominar 'Barolistas' e os grandes tintos feitos por eles nunca mais deixaram de ser um sucesso mundial.