As casas reais que sobrevivem no mundo têm suas bebidas preferidas
Silvia Mascella Publicado em 23/12/2023, às 09h00
Pouco antes da Rainha Elizabeth II falecer, seus médicos lhe pediram que deixasse de beber bebidas alcoólicas. A rainha, com mais de 90 anos, ainda mantinha os hábitos de décadas de um coquetel antes do jantar (em geral um gin com Dubonnet) seguido de vinho branco durante a refeição ou Champagne.
Atendendo aos médicos a rainha aceitou deixar de lado os destilados, mas manteve os vinhos em seu dia-a-dia até praticamente a véspera de sua morte, quando ainda teve obrigações palacianas para cumprir. A realeza que ainda persiste no mundo no século 21, aliás, quando se trata de bebidas tem hábitos bastante prosaicos, apenas o acesso aos grandes rótulos do mundo é facilitado.
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O filho de Rainha Elizabeth II que, ao ascender ao trono adotou o nome de Charles III, é conhecido para ser fotografado diversas vezes com copos nas mãos. Os relatos de pessoas próximas dizem que o 'martini perfeito' é seu coquetel preferido, assim como os tintos franceses e os whiskies, como o Laphroaig single malt. Recentemente, em sua primeira visita oficial `a França, Charles e Camilla foram visitar o Chateau Smith Haut Lafitte em Bordeaux. Para Camilla, filha de um negociador de vinhos (e que ocupa um cargo Associação dos Vinhateiros Ingleses), o vinho é a principal bebida: "Cresci bebendo mais vinho do que água", declarou a Rainha Consorte numa entrevista.
As realezas européias foram as responsáveis pela disseminação de muitos vinhos pelo mundo, afinal as pessoas sempre querem provar o que reis e rainhas tomam. Por isso algumas casas reais acabam por colocar até seus selos em bebidas (no caso dos ingleses são vários, de Champagne até chás). No Brasil, o hábito de beber vinho nas refeições foi ampliado com a chegada da família real portuguesa em 1808, o que fez até com que Dom João revogasse um decreto que proibia a produção de vinhos no Brasil, para aumentar a disponibilidade da bebida no país.
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A Casa Imperial japonesa tem um blend de sakê feito especialmente para eles, o Nihonsakari Souhana, servido em todas as festas oficiais em suas duas versões, o Junmai Daiginjo (mais leve, com 38% de álcool) e o Junmai Ginjo (com 55% de álcool), ambos feitos com arroz da região de Hyogo. O sakê real está disponivel, em pequenas quantidades, para compra pelo público em geral.
As cervejas também têm espaços na descontração das cabeças coroadas. Albert II de Mônaco e o rei Willem-Alexandre da Holanda costumam brindar com cerveja nos eventos esportivos e em encontros especiais. Já a casa real do principado de Liechtenstein convida os súditos para beberem junto deles nos jardins do castelo. O principado possui até sua própria vinícola real, desde o século XVIII.
Na Espanha, nem é preciso dizer que os vinhos nacionais são os mais populares na corte de Felipe VI, bem como o Jerez, e o rei tem sua própria 'Reserva Real' em várias bodegas do país. Mas entre nórdicos, os destilados como Acquavit ou Vodca são comuns tanto para a realeza quanto para seus súditos, mas ao longo dos anos e com a facilidade do comércio, os vinhos foram ganhando ainda mais espaço dentro do palácios, seja na Suécia, na Noruega ou na Dinamarca.