O Vinho do Porto e a travessia do Atlântico

Em comemoração aos 100 anos da Independência do Brasil, aviadores portugueses deviam trazer um Vinho do Porto para presentear o presidente do Brasil, mas o vinho nunca conheceu terras tupiniquins

André De Fraia Publicado em 04/09/2020, às 10h30 - Atualizado em 08/09/2020, às 13h34

 

Quinta do Bom Retiro no Douro, um dos vinhedos da vinícola Ramos Pinto

Em tempos que a travessia do Atlântico ainda era uma grande, e perigosa aventura, dois aviadores portugueses, Gago Coutinho e Sacadura Cabral, aceitaram a missão para celebrar o centenário da Independência brasileira.

Eles – com apoio dos governos dos dois países, que postaram navios em toda a rota – partiram de Lisboa, no dia 30 de março de 1922 a bordo de um hidroavião concebido especialmente para essa viagem e batizado de Lusitânia.

 

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Antes de embarcar, os aviadores foram procurados por Adriano Ramos Pinto, um dos mais influentes produtores de Vinho do Porto. Ele lhes deu uma garrafa especial que seria oferecida ao presidente do Brasil, Epitácio Pessoa.

A viagem dos portugueses, contudo, foi extremamente conturbada. Logo no começo, precisaram parar em Cabo Verde, por 15 dias, para reparos. Já em águas brasileiras, no arquipélago de São Pedro e São Paulo, ficaram sem um dos flutuadores após pouso em mar revolto e foram rebocados até Fernando de Noronha.

 

Selo comemorativo pela façanha de Coutinho e Cabral

O hidroavião Lusitânia ficou impossibilitado de voar e para que a empreitada não terminasse sem sucesso, o governo português então lhes enviou novo hidroavião, o Pátria. Eles retomaram a aventura a partir do arquipélago de São Pedro e São Paulo onde haviam parado, porém quase foram vítimas de uma tragédia. Após uma pane no motor, o avião caiu no mar e deixou-os à deriva.

Sem saber se sobreviveriam, eles passaram a consumir as provisões, entre elas, o Vinho do Porto de Ramos Pinto. Horas depois, contudo, por sorte, foram encontrados por um cargueiro inglês. Eles só completaram a viagem em junho, depois de receberem mais um hidroavião, o Santa Cruz.

De volta a Portugal, os aviadores agradeceram e entregaram a garrafa vazia a Ramos Pinto, que pediu que eles a autografassem e a guardou em seu acervo – que hoje pode ser visto no museu da casa Ramos Pinto, em Vila Nova de Gaia, no Porto.

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