Estudo mostra que o vinho pode ser um novo aliado na luta contra a balança
Fabiana Pires Publicado em 29/08/2019, às 15h00 - Atualizado às 15h56
É sabido que muitos médicos recomendam uma pequena quantidade de vinho por dia a seus pacientes por causa dos benefícios que a bebida pode trazer ao coração. O que ninguém sabia até o início deste ano é que a bebida, quando consumida com moderação, também pode auxiliar mulheres a manterem o peso.
Um estudo norte-americano, publicado em pela revista científica "Archives of Internal Medicine", teve cerca de 19 mil voluntárias analisadas por especialistas do hospital Brigham and Women's, filial de ensino da universidade de Harvard nos Estados Unidos.
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Todas elas tinham peso considerado normal (índice de massa corporal entre 18.5 e 25) e idade acima de 39 anos. Elas foram divididas em três grupos: as que se abstinham de qualquer tipo de bebida com álcool, que somavam 38% do total; as que consumiam bebidas alcoólicas com moderação, o equivalente a uma ou duas taças de vinho tinto por dia, que correspondiam a 59%; e as que afirmavam beber exageradamente, mais de 30 gramas de álcool diários, que representavam 3%.
Durante os 13 anos da pesquisa, as mulheres foram ganhando peso progressivamente. No entanto, os resultados mostraram que aquelas que não consumiam bebidas alcoólicas foram as que mais engordaram. O trabalho mostrou ainda que as voluntárias que diziam beber moderadamente conseguiram manter seu peso mais estável do que as outras e, além disso, apresentavam menor risco de desenvolver obesidade - cerca de 30% menos chances do que as que se abstinham do álcool ou do que aquelas que o consumiam exageradamente.
Segundo os pesquisadores, mesmo quando fatores como dieta, fumo e prática de exercícios eram levados em conta, os resultados permaneciam os mesmos. Para eles, quando a mulher ingere álcool, ela acaba substituindo outras comidas pela bebida, diminuindo a ingestão de calorias. É o que explica a nutricionista clínica carioca Elizabeth Vilhena: "A mulher é muito ansiosa, o que pode fazer com que ela acabe comendo muito mais do que precisa. O álcool é capaz de diminuir essa ansiedade, por seu efeito anestésico e relaxante", diz a especialista.
É preciso esclarecer, entretanto, que as conclusões do estudo só são válidas quando relacionadas a quatro tipos de bebidas: cerveja, destilado, vinho branco e vinho tinto, sendo esta última a bebida que forneceu os melhores resultados entre as voluntárias.
Para Elizabeth, a bebida de Baco, quando consumida com consciência, é capaz de beneficiar o organismo feminino em muitos aspectos. "Além das propriedades antioxidantes, que protegem o coração e retardam o envelhecimento, o vinho também pode ajudar a mulher a ficar mais tranquila". A nutricionista explica que é um costume feminino querer sempre resolver e controlar tudo ao seu redor, e que se as mulheres tomassem uma taça de vinho quando ficam nervosas, ou durante o difícil período da TPM (tensão prémenstrual), elas reduziriam a vontade de ingerir açúcar.
Apesar dos resultados animadores, não é possível afirmar seguramente que o consumo de vinho emagreça. Cinthia Monteiro, professora de nutrição do Centro Universitário São Camilo, em São Paulo, chama a atenção para o fato de que o álcool é convertido em gordura no organismo. Portanto, quando ingerido em excesso, ele pode acumular no tecido adiposo, aumentando o peso.
Fato que também é observado pela nutricionista e docente Emília Ishimoto. "Não recomendaria o consumo de bebida alcoólica para emagrecer, jamais", afirma a especialista que, contudo, aponta o vinho como a mais benéfica das bebidas alcoólicas devido aos seus compostos fenólicos. "O resveratrol é, talvez, o principal
composto benéfico do vinho. Sem dúvida, ele é um dos responsáveis pelos resultados dos estudos que indicaram ser o vinho tinto melhor do que as outras bebidas alcoólicas.
Este composto também tem atividade antioxidante, mas faz muito mais do que isso. Aliás, há evidências científicas de que o resveratrol estimula a lipólise, ou seja, a redução de gordura acumulada no organismo", diz Emília.
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