As polêmicas do vinho natural

A viticultura natural gera muita controvérsia e ofensivas no mundo do vinho

Felicity Carter Publicado em 20/03/2019, às 15h00

O debate sobre viticultura natural gerou ofensivas que raramente são vistas no comumente pacífico mundo do mercado do vinho. Há muitos pontos criando controvérsias. Um é que vinhos “naturais” podem ser instáveis, oxidar rapidamente; em vez de expressar o terroir, os vinhos apenas têm o gosto de qualquer outra bebida oxidada. Outro problema é que se um estilo de vinificação leva o nome de “natural”, isso implica que todos os outros estão fazendo vinhos “não naturais”. E, de fato, aqueles no campo dos vinhos naturais frequentemente falam sobre os outros vinhos chamando-os de “manipulados”. Sem surpresa, essa conversa gerou uma certa repercussão. O enólogo francês Michel Chapoutier chamou os produtores naturais de hippies na revista Decanter. “Isso é um ‘connerie’. É um lixo. É como fazer vinagre, vinagre ruim”, ele disse. Ainda na Decanter, o escritor Andrew Jefford disse que alguns produtores naturais são dogmáticos, perseguindo uma “perversão de ideias de naturalidade fundamentalista”. E mesmo Robert Parker entrou na roda chamando os vinhos naturais de “uma das maiores fraudes sendo impingidas aos consumidores”.

Tão agressiva foi a conversa que o crítico de vinhos do New York Times, Eric Asimov, entrou na briga pedindo calma. “Quase dois anos atrás, comparei a discussão dos vinhos naturais a um vespeiro, que incitou discórdias por todo o mundo do vinho”, ele escreveu. “Se algo piorou foi a balbúrdia, exceto que agora as vozes mais altas são as da condenação. As críticas aumentam a questão do que, exatamente, as pessoas acham tão ameaçador nos vinhos naturais e as pessoas que gostam dele”. Parte do problema, ele diz, é que a palavra “natural” é “nebulosa e imperfeitamente definida”, e sugere que é essa falta de definição que perturba os críticos. Ele diz que vinhos naturais oferecem um ideal de que é melhor o mundo do vinho “absorver e considerar” em vez de ficar bravo com isso.

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O crítico de vinhos da revista Slate, , seguiu dizendo que Asimov entendeu mal as críticas do movimento. Steinberger disse que a razão pela qual os defensores do vinho natural estarem tão inflamados é que eles “não gostam de ter suas ideias contestadas e habitualmente declaram que qualquer um que tenha problema com seus pronunciamentos está fazendo isso porque se sente ameaçado. É uma reivindicação muito autolisonjeira e é uma maneira de se esquivar do debate”. Ela acrescenta que os proponentes da vinicultura natural estão entrando em um debate ideológico, cheio de dogmatismo e juízos.

Ele pode ter um ponto aí. Como tantos movimentos ideológicos antes, o movimento do vinho natural parece estar se dividindo em facções. Apesar do sucesso da Natural Wine Fair em Londres no ano passado, o evento foi quebrado ao meio, com a Real Wine Fair, organizada por Les Caves de Pyrene e outros negociantes de vinho, ocorrendo ao mesmo tempo que a RAW de Isabelle Legeron: The Artisan Wine Fair, suportada pela La Renaissance des Appellations. De acordo com relatos da imprensa, a feira se dividiu, pois os organizadores não puderam concordar em como seguir em frente.

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