Incêndios florestais, secas, falta de insumos e inflação na Europa devem fazer produtores alertem que os vinhos fiquem mais caros
André De Fraia Publicado em 15/08/2022, às 08h30
Produtores alertam para aumento de 10% no preço final dos vinhos. Temperaturas escaldantes, ondas de calor, falta de insumos e inflação em alta continuam a causar estragos na economia mundial, e com os vinhos não é diferente.
Por mais que as previsões mostrem que o cenário econômico já está mais controlando e voltando à normalidade apesar da Guerra da Ucrânia, produtores europeus alertam que o preço do vinho pode aumentar 10% este ano.
As vinícolas de diversos países alertam para quedas na safra 2022 em relação a 2021. Espanha deve ter uma retração de até 25%, enquanto o Instituto da Vinha e do Vinho (IVV), órgão português que regula o vinho no país, estima que a produção de vinho da safra 2022 tenha uma queda de 9% em relação a 2021.
Em nota, o Instituto da Vinha e do Vinho destaca que, "na generalidade, as uvas apresentam um bom estado fitossanitário, sem registo de doenças ou pragas, como consequência das condições climatéricas verificadas até à data".
No entanto, "a falta de água e as ondas de calor verificadas acentuam o stress hídrico e térmico, pelo que as condições climatéricas que se verificarem até à vindima serão, ainda, determinantes na quantidade e qualidade da colheita".
A falta de chuva na Europa durante o inverno somada às altas temperaturas que chegou perto de bater o recorde histórico no verão, trouxe um cenário desafiante aos produtores que estão tendo que se adaptar rapidamente suas práticas e produções para manter a qualidade do vinho sem perder tanto na quantidade.
A ANCEVE – Associação Nacional dos Comerciantes e Exportadores de Vinhos e Bebidas Espirituosas – de Portugal aponta o preço dos insumos como um grande influenciador do aumento. Segundo o presidente da associação, Paulo Amorim, os valores de combustíveis que tiveram um forte aumento – que apesar de já controlado, influenciou negativamente o cenário – somado ao aumento dos insumos como caixas de papelão (aumento de 125%), garrafas (aumento de 50%) e rolhas (aumento de 20%), farão o vinho ser reajustado já na origem, gerando um efeito em cadeia.