Quais são os diferentes tipos de rolha?

As rolhas são divididas em mais de oito diferentes tipos. Veja quais são os principais

Redação Publicado em 18/08/2022, às 17h10 - Atualizado em 19/08/2022, às 08h00

Essencial para a boa vedação do vinho, a rolha geralmente passa despercebida pelos enófilos -

Quando saca a rolha de um vinho já reparou que há diferentes tipos de rolha? A rolha é milenar, acredita-se que a cortiça é usada como vedante para vinho desde o Império Romano, ou até antes.

Naquela época, rolhas rudimentares eram feitas para se encaixar às ânforas. Mas foi somente com as garrafas de vidro que a rolha se tornou popular. Dessa forma, as indústrias do vidro e da cortiça prosperaram juntas a partir do século XVII. Mais do que isso, até o fim do século XX, a cortiça era uma rainha inconteste no mundo do vinho.

Hoje, o mundo produz algo em torno de 12 milhões de rolhas por ano, mas apenas 25% da cortiça é destinada para a fabricação de rolhas naturais.

As rolhas naturais são as inteiriças, feitas com pranchas (como são chamadas as porções retangulares retiradas da árvore) de largura mínima de 27 milímetros, já que elas costumam ter entre 22 e 26 mm de diâmetro. As pranchas são cortadas e, em seguida, perfuradas longitudinalmente com um cilindro para formar a rolha.

Na rolha de espumante, costuma-se colar dois discos na base de um conjunto aglomerado para dar maior sustentação

As pranchas mais finas são usadas para a produção de discos, que serão utilizados nas rolhas de espumantes e também em rolhas chamadas técnicas. Sobras e afins tendem a ser trituradas, processadas e coladas para formar rolhas aglomeradas e microgranuladas, ou então vão para outros setores (revestimento, vestuário etc.).

As rolhas naturais são o produto mais tradicional e também o mais valorizado dessa indústria. Lembrando que elas representam menos de 30% do volume das exportações, mas, em compensação, geram 75% do valor obtido. Uma rolha natural de classificação baixa (são oito níveis) pode valer menos de 10 centavos de euro, e uma da mais alta qualidade, chamada Flor, chegar a custar 2 euros. Mais caras, elas costumam ser usadas em vinhos premium, feitos para envelhecer.

A classificação é feita por critérios visuais e quanto mais e maiores forem ranhuras e poros (lenticelas) na superfície, menor seu nível. Isso se deve também ao fato de que, quanto mais poros, além de esteticamente mais feia, mais contato do vinho com a rolha e, portanto, mais chances de transmissão do TCA. Praticamente toda a triagem é feita por máquinas óticas que analisam milhares de amostras com grande precisão em questão de minutos. Ainda assim, ao final, há mais uma triagem manual.

Já os discos seguem um processo de triagem semelhante. Na rolha de espumante, costuma-se colar dois discos na base de um conjunto aglomerado para dar maior sustentação e segurança para a rolha de espumante não estourar antes da hora.

Apenas 25% da cortiça é destinada para as rolhas naturais ou interiças

Outra rolha técnica bastante comum é a chamada 1+1, com dois discos nas extremidades de um corpo aglomerado. Elas são mais baratas do que as naturais, mas com eficiência bastante similar. Vale lembrar que, assim como as naturais, essas rolhas também possuem níveis diferentes, dependendo da qualidade de seus discos.

Já as aglomeradas e microgranuladas, apesar de esteticamente menos charmosas e mais econômicas (podem custar menos de 10 centavos de euro), tendem a ser as mais seguras em termos de TCA - o tricloroanisol, substância responsável pelo bouchonée. Como os grânulos são submetidos a mais processos industriais, as chances de apresentar TCA diminui muito. Por outro lado, além da parte estética, a segurança na conservação em relação ao passar dos anos é controversa, uma vez que a estrutura da rolha aglomerada ou microgranuladas tende a ser mais frágil.

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