Concha y Toro lançou seu ícone de Syrah em um restaurante japonês e surpreendeu com harmonizações impressionantes
Christian Burgos Publicado em 11/11/2011, às 14h21 - Atualizado em 26/02/2019, às 14h58
A Concha y Toro inovou e surpreendeu um seleto grupo de convidados para o lançamento de seu novo ícone de Syrah, o Gravas, em um restaurante japonês. Isso mesmo, japonês. Não se tratava de qualquer restaurante, afinal o local era o Kinoshita, com o mestre Murakami preparando um menu especial para a ocasião. Contudo, ainda assim alguma dúvida pairava no ar...
O entusiasmado Murakami aceitou o desafio de Francisco Torres e Enrique Tirado e passou a trabalhar em prato exclusivo para o evento. Havia degustado o vinho com Tirado este ano no Chile. Na ocasião, fiquei perplexo pois, entre várias safras de Don Melchor e Carmin de Peumo, o Gravas foi o que mais surpreendeu. Tanto 2007, que agora chega ao Brasil, quanto 2008, que foi arrebatador.
Gravas é o mais novo ultra premium do grupo. Syrah de um vinhedo de Maipo Andino. Fica na ribeira sul do Rio Maipo, a 400 metros de altitude, e recebe esse nome pelas pedras arredondadas - entre 0,1 e 7 cm de diâmetro - trazidas no rio desde os Andes. Em sua viagem pelo Chile em 1835, Charles Darwin descreveu esse rio como "rio da torrente de pedras".
O vinho em si não é barato - custando R$ 700 a garrafa no Brasil -, mas é daqueles que vale experimentar para compreender os novos patamares dos ícones chilenos. Um corte de 88% de Syrah - enxertado em 2002 sobre vinhedos plantados em 1967 - com 12% de Cabernet Sauvignon - de vinhedos com 50 anos. Com rendimento de 3 toneladas por hectare para uma densidade de 2.600 plantas por hectare (uma média de 1,15 quilos por planta), a produção total de Gravas foi de 200 caixas, das quais 35 destinadas ao Brasil. O desafio de harmonizar um vinho tinto complexo com um peixe não é para amadores. Ou seja, não tentem fazer isso em casa. Essa mágica requer anos de prática e perícia.
O prato foi Shake Crispy: fatias de salmão sobre um berço de balsâmico encoberto por legumes crocantes no estilo tempurá e ovas de peixe voador. O vinho combinou perfeitamente com o balsâmico e com a gordura do salmão e mostrou que, no quesito harmonização, aprendemos todos os dias.
Palmas para o chef, que explicou dizendo: "Fomos testando a brincadeira, mas o segredo foi a redução do próprio vinho adicionado ao balsâmico". Ele acrescentou, com a modéstia e segurança dos grandes chefs: "Aqui, quem tem que brilhar é o vinho."
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