Estilos, materiais, tamanhos e demais características influenciam na forma com que percebemos o vinho, mas há uma taça para cada tipo de vinho?
Redação Publicado em 26/07/2022, às 11h40 - Atualizado em 01/12/2022, às 07h00
Sim, há muitas taças de vinhos de formatos diferentes. Mas escolher a sua taça de vinho não é tão complicado quanto possa parecer.
Pense que, assim como determinados tipos de roupa ajudam a valorizar o corpo, a taça pode ajudar a tirar o melhor de uma garrafa de vinho. Para quem duvida, basta testar. Você sentirá a diferença ao beber um mesmo vinho em taças completamente diferentes.
Mas é necessária uma taça para cada vinho?
Como cada vinho possui características únicas dependendo de diversos fatores como uva, terroir e estilo com que é produzido, pode se dizer que, sim, é necessário ter uma taça para cada tipo.
Há marcas inclusive que levam essa premissa muito a sério e possuem no seu portfólio mais de 400 tipos e tamanhos de diferentes de taças!
Porém, eu preciso de todas elas?
A resposta é... não! O ideal é simplificar.
Ou seja, os modelos que não podem faltar na sua casa, são os mais adequados para o estilo de vinho que você mais gosta de beber.
Mas para quem está iniciando a dica é ter uma no estilo bordalês – veja mais sobre ela logo abaixo. Esse estilo de taça traz boas características e com um pouco de jogo de cintura é possível tirar o melhor proveito do vinho independente do estilo.
Afinal, a taça indicada para os rosés e a gigantesca maioria dos brancos é uma bordalesa um pouco menor que a utilizada para tintos, fazendo com que o vinho não esquente e perca sua temperatura ideal. Assim a dica é simples, colocar um pouco menos de vinho desses estilos resolve o problema.
Mas para quem quer um jogo um pouco mais completo a ideia é ter quatro modelos básicos: uma taça para brancos (que também pode ser utilizada para rosés), duas para os diferentes tipos tintos (Bordeaux e Borgonha) e uma para espumantes.
Bordeaux – As taças Bordeaux foram feitas para abrigar vinhos mais encorpados e ricos em tanino. Elas possuem o bojo grande, mas têm a borda mais fechada para evitar a dispersão de aromas. A aba - ou a borda da taça – mais fina direciona o vinho para a ponta da língua, permitindo que a untuosidade e os sabores frutados dominem antes que os taninos sejam direcionados para a parte de trás da boca. É indicada para Cabernet Sauvignon, Cabernet Franc, Merlot, Syrah, Tannat, entre outras uvas que produzem vinhos encorpados e com maior carga tânica.
Borgonha – Os tintos da Borgonha são mais complexos e concentrados, produzidos quase exclusivamente com a uva Pinot Noir. Portanto, as taças são em formato balão (ou seja, com bojo maior do que as Bordalesas) para que haja mais contato com o ar, o que permite que o buquê se libere mais rapidamente. Este recipiente foi feito para que o vinho possa ser explorado no nariz. O formato direciona o fluxo acima da ponta e do centro da língua, diminuindo a acidez e acentuando as qualidades mais arredondadas e maduras do vinho. Além da Pinot Noir, também é ideal para que sejam apreciados vinhos Rioja tradicional, Barbera Barricato, Amarone, Nebbiolo e vinhos com boa acidez e carga tânica menor.
As taças têm corpo menor do que as para vinho tinto por dois motivos. Primeiro, o vinho branco precisa ser consumido em temperaturas mais baixas e, portanto, em um recipiente menor, que permita menos trocas de calor com o ambiente. Segundo, porque precisa que sejam realçadas as notas de frutas. A aba estreita entrega o fluxo do vinho através das áreas da língua com equilíbrio entre doçura e acidez, crucial para os brancos.
Os vinhos rosés possuem taninos como os tintos, mas os aromas dos brancos. Por esse motivo, a taça costuma ser menor que a dos brancos, mas com bojo maior. Ela deve acentuar a acidez do vinho, equilibrando assim sua doçura. Se não tiver uma taça específica para rosés (poucas marcas possuem), pode usar uma para vinho branco.
Para espumantes, a taça adequada é a que chamamos de flûte, ou flauta.
Ela serve para que possam ser apreciadas as borbulhas, ou perlage. A taça fina também direciona a efervescência e os aromas para o nariz, enquanto controla o fluxo acima da língua, mantendo o equilíbrio entre a limpeza da acidez e a saborosa profundidade. Se a taça tiver um leve bojo, melhor, pois se for reta demais no sentido longitudinal pode levar a uma menor concentração dos aromas.
Esse tipo de taça tem bojo pequeno, justamente porque as pessoas consomem vinhos doces e fortificados em quantidades menores. Também é mais estreita na parte superior. Seu design ajuda a conduzir o fluxo da bebida diretamente para a ponta da língua, região onde os sabores doces são mais percebidos.
E o material? Cristal, vidro comum, vidro de lâmpada, metal., barro.. Claro, cada superfície reage de forma diferente com o vinho. A melhor delas é o cristal (quanto mais “puro”, melhor). Mas isso é assunto para outra reportagem...