Apenas em 2021, o tráfico internacional de vinho movimentou dois bilhões de reais segundo IDESF e MPF
André De Fraia Publicado em 21/08/2022, às 08h00
Dois bilhões de reais em vinhos. Esse é o valor movimentado pelo tráfico internacional da bebida em 2021 segundo dados do Ministério Público Federal e do IDESF, o Instituto de Desenvolvimento Econômico e Social de Fronteiras.
O relatório será apresentado em um debate intitulado “Vinhos fora da legalidade” entre o presidente do Idesf, Luciano Stremel Barros, e o auditor fiscal e delegado da alfândega da Receita Federal Mark Tollemache.
Segundo Tollemache, apenas em 2021, cerca de 90 milhões de garrafas de vinhos foram apreendidas em território nacional fruto do descaminho. Pelos cálculos do Ministério Público Federal, esse número deve representar apenas 5% de todo vinho contrabandeado para o país.
Recentemente, o portal R7 apurou que uma facção criminosa ligada ao PCC está atuando para contrabandear vinho da Argentina para o Brasil.
A Polícia Argentina informou que pessoas ligadas ao tráfico de vinhos pertencem a grupos criminosos como o Primeiro Comando da Fronteira, o Comando Vermelho e o Bala na Cara, além do Primeiro Comando da Capital.
Além do crime de contrabando, muitos dos vinhos vendidos em território nacional são falsificações.
O vídeo abaixo bombou nas redes sociais com o chef, chocolatier e sommelier Fábio Sicilia, analisando duas garrafas do mesmo vinho e mesma safra, com a diferença que uma foi comprada na importadora oficial e a outra não tem garantia de procedência.
Mark Tollemache em entrevista exclusiva para ADEGA trouxe informações importantes sobre a qualidade do vinho fruto do descaminho. Para o delegado quem compra um vinho contrabandeado busca acima de tudo qualidade, afinal, os valores pagos são altos perante a média do mercado nacional. Porém, os vinhos muitas vezes chegam ao consumidor sem a qualidade com que deixou as vinícolas.
Os vinhos são “introduzidos por carros de passeio, batendo, é comum identificarmos garrafas quebradas”, diz Tollemache. “Esses produtos são armazenados em propriedades rurais como cochos de boi, chiqueiros, paióis. Sem nenhum controle térmico, sem nenhum controle sobre a iluminação e sem nenhuma preocupação sanitária” finaliza o delegado.
A falsificação também é comum. Tollemache diz que é corriqueiro encontrar o mesmo vinho com rótulos e cápsulas diferentes. Além de grandes quantidades sendo transportadas a granel que seriam engarrafadas no destino e ainda garrafas vazias que seriam utilizadas na falsificação.
“É importante o consumidor se atentar aos rótulos e principalmente ao selo de inspeção do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) e aos dados da importação para que ele tenha certeza que está adquirindo um produto lícito”.