Apesar da mudança ser imediata, os consumidores levarão algum tempo para ver os vinhos nas prateleiras
Glaucia Balbachan Publicado em 17/12/2021, às 16h00
Por conta dos desafios climáticos União Europeia aprova o cultivo de variedades híbridas
A União Europeia chegou a um consenso e aprovou a utilização de variedades híbridas em vinhos com denominação de origem protegida.
Até então, apenas uvas vitis viniferas poderiam ser utilizadas para vinhos produzidos dentro da União Europeia, enquanto as videiras que apresentavam qualquer traço genético de espécies não vinifera, como as variedades PIWI (do alemão Pilzwiderstandsfähig) resistentes a fungos eram proibidas em vinhedos que recebiam certificados de origem.
De acordo com as regulamentações atualizadas, os Estados-membros agora podem usar variedades de videiras pertencentes a vitis vinifera, bem como híbridos contendo material genético não vinifera de espécies videiras de origem americana e asiática.
A decisão da União Europeia veio como uma resposta aos desafios colocados pelas mudanças climáticas e para ajudar a indústria vinícola a se tornar mais sustentável.
Vinhedo na França com um das variedades híbridas conhecidas como PIWI
Pesquisas mostram que uma série de variedades híbridas se beneficiam de uma maior resistência a doenças comuns, como o mofo, o que significa que os vinhedos requerem pouco ou nenhum tratamento.
"As variedades resistentes apresentam uma série de vantagens e nenhuma desvantagem, além de um pequeno desafio comercial derivado de um segmento do mercado que sempre beberá apenas certos vinhos de denominações protoegidas", diz Werner Morandell, da vinícola Lieselehof, que já produz vinhos com uvas PIWI na região do Alto Adige, na Itália.
Segundo Morandell, outros benefícios incluem a redução da compactação do solo e uma quantidade considerável de tempo economizado para o produtor: "Passar pelos vinhedos com um trator pesado 15 ou 20 vezes por ano significa que o solo, eventualmente, fica muito compactado. Torna-se concreto. Se você andar em torno de meus vinhedos, você pode ver que o solo é realmente macio."
Os consumidores de vinho não notarão as mudanças tão cedo. A aprovação dos Estados-Membros, bem como a luz verde das autoridades regionais, são necessárias antes que as variedades híbridas possam ser integradas aos vinhos.
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