Em busca de destaque o Vernaccia de San Gimignano mostra potencial para se tornar um dos melhores vinhos brancos da Itália
Eduardo Milan Publicado em 03/01/2023, às 15h00 - Atualizado em 02/08/2024, às 08h00
Nas últimas décadas, ofuscado pelos nobres vinhos de Chianti Classico e Brunello di Montalcino, o Vernaccia de San Gimignano, um dos vinhos mais reputados da Idade Média, vem buscando novamente ocupar o lugar de destaque que tanto merece, pelo menos pelos ótimos rótulos que provamos recentemente.
Apesar de não ter a pretensão de ser o melhor branco da Itália, considerando os cuidados cada vez maiores dedicados tanto aos vinhedos quanto ao processo de vinificação, seguramente tem potencial para estar entre os melhores, principalmente quando pensamos em vinhos frescos, vibrantes, com bom volume de boca, gostosa textura e um caráter especialmente gastronômico.
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A uva Vernaccia di San Gimignano é única e é cultivada praticamente só na Toscana (parte central em direção ao sudoeste de Florença), não tendo relação com outras uvas homônimas. As normas da DOCG permitem uma pequena porcentagem de outras uvas como Chardonnay, Trebbiano Toscano e Sauvignon Blanc, mas poucos produtores têm o costume de fazer isso, temerosos de mascarar as características marcantes da Vernaccia.
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Existem três categorias de Vernaccia di San Gimignano: Annata, Selezione e Riserva. A primeira é a mais comum e geralmente não tem nenhuma passagem por madeira. Já a segunda, pode ser uma seleção de vinhedo ou da vinícola, algumas podem ter mais tempo de contato com as peles e/ou fermentação/estágio em madeira.
Por fim, a terceira categoria, os Riserva, têm que obrigatoriamente envelhecer por um ano e, na maioria das vezes, são fermentados e/ou estagiados em madeira.
Adega está desde 2016 acompanhando detalhadamente os progressos dos brancos da região de San Gimignano. Apenas entre 2016 e 2017, visitamos essa bucólica cidade por três vezes distintas e degustamos durante essas viagens mais de 200 Vernaccia de San Gimignano dos mais diversos produtores, tanto de safras recentes (a maioria), quanto de safras mais antigas e as palavras para definir nossas impressões foram “consistência” e “caráter”, principalmente nas categorias Annata e Selezione.
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Ou seja, encontramos um nível médio alto, algo até surpreendente para sua faixa de preço (vendidos na Europa e Estados Unidos geralmente abaixo de US$ 15). Quanto à categoria Riserva, a disparidade de estilos é um pouco maior (às vezes, a madeira ofusca o frescor e a tensão, tornando o vinho “pesado”), mas nada comparado aos variados estilos de Chardonnay ou de Sauvignon Blanc, por exemplo.
Quanto ao estilo predominante dos vinhos de Vernaccia di San Gimignano, os que se mostraram melhor foram aqueles que, independentemente da categoria, conseguiram revelar harmonicamente o que essa uva tem de melhor: acidez vibrante, textura adstringente que traz sustentação ao meio de boca, além de final com aspectos salinos e de cascas de frutos secos, que alguns associam a um leve amargor, geralmente semelhante ao de quando comemos nozes.