O Château Cantenac-Brown está sendo construído sem a utilização de cimento e dispensará o uso de ar-condicionado
André De Fraia Publicado em 20/11/2020, às 17h00
Tristan Le Lous e o enólogo José Sanfins do Château Cantenac-Brown com as ovelhas responsáveis pela grama da propriedade
Três irmãos da Borgonha, Tristan, Briac e Guirec Le Lous compraram em dezembro de 2019 uma propriedade em Margaux, margem esquerda da icônica região francesa de Bordeaux, com o intuito de continuar os negócios da família na indústria do vinho.
Porém, a paixão dos três não se limita ao vinho. Eles se definem como apaixonados por sustentabilidade, terroir e um futuro mais verde.
Assim, quando decidiram construir na nova propriedade, eles chamaram o arquiteto francês Philippe Madec, famoso por seu trabalho que une sustentabilidade com modernismo. O resultado foi um projeto de vinícola moderna, livre de emissão de carbono e com partes construídas a partir de terra crua, sem a utilização de cimento.
Tristan Le Lous e José Sanfins sentados sobre um muro de terra crua que será usada na construção da cantina
“É um longo debate, porém cimento reforçado é um dos piores materiais da terra e uma das razões da mudança climática. Viagens aéreas contribuem com 2% das emissões de gases poluentes e a produção de concreto reforçado contribui entre 7 e 9%”. Destaca o arquiteto Philippe Madec.
O material que seria utilizado também foi escolhido com cuidado. Inicialmente a ideia era usar terracota, porém acabou sendo descartada por não ser tão eficiente na manutenção da temperatura. Com a escolha de terra crua, o Château não utilizará ar-condicionado, aprimorando sua eficiência energética.
“Sem a utilização de ar condicionado e sem consumo de energia, a inércia térmica da adega feita de terra crua proporcionará uma atmosfera ideal para garantir a estabilização e o amadurecimento do vinho”. Garante José Sanfins, enólogo da vinícola.
O Château Cantenac-Brown ainda utilizará vinificação por gravidade e não demolirá os antigos prédios da propriedade, evitando gerar poluição tanto através de máquinas que seriam usadas na demolição, quanto através do lixo da construção.
A expectativa é que a cantina esteja pronta para a safra 2023 de Bordeaux e já trouxe para a propriedade 30 ovelhas que farão a manutenção do gramado até lá.
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