Ilustração remete a um caso de amor envolvendo um ex-rei italiano
Dado Lancellotti Publicado em 06/12/2024, às 08h00
Originalmente publicado na Revista ADEGA, este texto faz parte da seção "Contrarrótulo", cujo objetivo é contar, justamente, a história por trás de um rótulo de vinho. O escolhido da vez é o Barolo Serralunga d'Alba 2019, no qual é possível ver a ilustração de um casal, com a figura feminina andando sobre uma linha que a liga com o homem. Pois bem, vamos desvendá-lo...
Diz a lenda que uma das mais belas histórias de amor do Langhe nasceu em um encontro casual em 1847, em plena temporada de caça. Rosa Vercellana, conhecida como “La Bela Rosin”, caminhava no parque da Fortaleza Real de Racconigi quando um homem – que tinha a curiosa mania de enrolar o bigode – olhou para ela.
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O jovem Vittorio Emanuele era casado com Maria Adelaide há mais de cinco anos. Rosa tinha 14 anos e era a filha caçula do coronel do exército do rei Carlo Alberto, pai dele. Foi amor à primeira vista, mas destinado a ser secreto. Ela se tornou sua amante e teve duas crianças do príncipe.
O affair se tornou um escândalo quando ele foi coroado rei da Sardenha em 1849. Após a rainha morrer, ele resolveu assumir a mulher que amava. Em 1858, Vittorio comprou a propriedade Fontanafredda na vila de Serralunga d'Alba como um presente para Rosina. Ao se tornar o primeiro rei da Itália unificada em 1861, ele fez dela condessa de Mirafiori e Fontanafredda e reconheceu a paternidade dos filhos Maria Vittoria e Emanuele Alberto.
Os recém-casados viviam na “Villa Reale” durante o verão e adoravam a boa mesa e o vinho. A safra pioneira de Barolo foi produzida em 1866. Em 1878, Vittorio morreu de pneumonia e, em 1885, ela o seguiu.
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O visionário Emanuele Alberto estabeleceu a vinícola “Casa E. di Mirafiore” e foi o responsável por fazer do “vinho dos reis" uma lenda. Em 1894, ele faleceu de hepatite, deixando o negócio em franca expansão para o filho Gastone. Vieram anos difíceis. A empresa faliu, foi vendida, separada da marca Mirafiore. Anos se passaram e, aos poucos, a vinificação recomeçou, recuperando a imagem associada à alta qualidade e ao prestígio.
Em 2008, Oscar Farinetti e Luca Baffigo Filangieri, do Eataly, compraram o lugar, que voltou a ser piemontês. A primeira safra do “novo” Barolo Serralunga foi 1988 e, desde então, “Barolindos” super queridos pelos seus fãs. Un regalo d'amore!