Argentina e Nova Zelândia finalizam a colheita 2022

Enquanto a Argentina confirma em 2022 uma série de safras histórica, a Nova Zelândia tem ano importante após queda na produção em 2021

André De Fraia Publicado em 10/05/2022, às 04h15

Colheitas no hemisfério sul chegam ao fim com boas perspectivas -

Argentina e Nova Zelândia vivem cenários diversos no mundo do vinho, mas a safra 2022 veio para mostrar que os desafios – diferentes, mas presentes – estão aí para nenhum viticultor reclamar de marasmo.

Após as duas safras concluídas os relatórios e as impressões iniciais trazem uma primeira impressão sobre o que esperar dos dois países.

Argentina

A principal região produtora argentina, Mendoza, é altamente dependente da neve dos Andes que, ao derreter, é utilizada na irrigação dos vinhedos. Esse já foi o primeiro problema. Uma primavera fresca e seca, com baixas taxas de queda de neve resultou em menos água disponível para os viticultores.

Mas mais drama ainda estava por vir. Cinco geadas foram registradas entre outubro e novembro, algumas delas bem severas, trazendo uma perda média nos rendimentos da produção de 10%. Mas alguns produtores relataram um prejuízo de até 25%.

O problema seguinte foi a chuva que, apesar de vir dentro da quantidade histórica para a região, ficou muito concentrada em dois períodos: primeiro em dezembro o que forçou as vinícolas a acelerar a colheita das uvas brancas e depois em março atrasando o amadurecimento das uvas tintas.

Uvas tintas devem dar vinhos bastante concentrados

Porém, segundo diversos produtores, a colheita deve manter a qualidade dos últimos anos e se somar a um período de safras históricas, com os vinhos brancos de boa qualidade e excelente frescor, mas em menores quantidades e os tintos mais concentrados e com bom potencial de envelhecimento.

"Não há dúvida de que foi uma colheita muito incomum", diz Alejandro Vigil, presidente da Wines of Argentina e enólogo-chefe da Catena Zapata. “Mas o fato é que foi um dos melhores que já vi em termos de qualidade. Tenho certeza de que nos lembraremos dele como um dos melhores dos últimos anos”.

Nova Zelândia

A Nova Zelândia tem vivido de altos e baixos em termos de colheita nos últimos anos. O volume total de uvas colhidas em 2020 atingiu 457.000 toneladas, um aumento de 11% em relação a 2019. Mas em 2021 a história foi diferente, queda de 19% com um total de 370.000 toneladas.

Colheita na Nova Zelândia enfrentou problemas com a falta de trabalhadores

E a safra 2022 inicialmente não parecia tão animadora. A pandemia de Covid-19 que fechou a Nova Zelândia para o resto do mundo trouxe um problema de mão de obra que se tornou um gargalo para a produção. O aumento do custo de insumos também era visto com pessimismo pelos produtores que temiam perder mercado consumidor.

No entanto, após a safra estar finalizada as perspectivas são positivas. Apesar dos números finais ainda estarem sendo computados e com previsão de divulgação em meados de junho, os produtores já comemoram um retorno ao crescimento na produção e a esperança de um bom ano de 2022 nas vendas.

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