O Gallo Nero ganhou fama por uma lenda medieval e é símbolo do Chianti desde o século 14
Arnaldo Grizzo Publicado em 24/06/2022, às 08h00 - Atualizado em 14/11/2022, às 11h30
Chianti é um nome que todo enófilo conhece.
E quem gosta de vinho sabe distinguir uma garrafa de Chianti antes mesmo de ler o rótulo, apenas reconhecendo a indefectível imagem do galo negro no invólucro. Chianti é uma denominação de origem da região da Toscana, na Itália, que dá nome ao vinho lá produzido, cuja base principal é a uva Sangiovese.
Os italianos costumam dizer que uma carne grelhada e um prato de massa não são nada se não estiverem acompanhados de um Chianti.
Mas como um galo negro se tornou símbolo de um dos vinhos mais clássicos da Itália?
Essa história remete à época medieval, quando a península italiana era dividida em cidades-estados e havia muita rixa em relação às fronteiras de cada uma. Foi então que ocorreu um embate entre Florença e Siena, duas grandes forças da época, e vizinhas, que queriam determinar os limites de suas regiões.
Depois de diversas guerras e pendengas insolúveis, os governantes concluiram que os territórios seriam definidos de uma forma inusitada. Cada cidade deveria escolher um cavaleiro. Mas não, eles não iam duelar ao melhor estilo medieval e o vencedor demarcaria os limites ao seu bel prazer. Nada disso. O pacto proposto era: cada cavaleiro sairia de sua cidade “ao mesmo tempo” que o outro e, onde os dois se encontrassem no caminho, neste local seria demarcada a fronteira das cidades.
No entanto, como fazer com que os dois cavaleiros saíssem de suas cidades ao mesmo tempo em uma época que o relógio como conhecemos ainda estava sendo inventado?
Difícil, não? Assim, segundo essa lenda, alguém teve a ideia de definir que a partida seria dada ao primeiro cantar de um galo na alvorada. Desse modo, os habitantes de Siena, orgulhosos, escolheram um galo branco bem cuidado, bem alimentado, um representante belo e de estirpe, por assim dizer. Já os cidadãos de Florença optaram por um galo negro magro, raquítico, faminto.
No dia determinado para a partida dos cavaleiros, o franzino galo florentino, faminto, “acordou” mais cedo do que o gordo galo sienense, que estava saciado em seu sono, e cantou ao primeiro raio de sol do dia. Dessa maneira, o cavaleiro de Florença disparou com sua montaria com larga vantagem e, quando encontrou o concorrente – que havia saído bem depois –, ele já estava a apenas uma dezena de quilômetros de Siena.
Foi assim que a região de Chianti ficou quase toda sob domínio florentino.
Lenda ou não, a verdade é que desde o século 14 o emblema do galo negro aparece para designar Chianti e foi usado, na época, pela “Lega del Chianti”, uma famosa liga militar criada para defender o território dos invasores. Anos mais tarde, o símbolo do galináceo seria adotado pelo Consorzio del Vino Chianti Classico, que ajudou a instituir as bases para a formação da DOC, regulamentando a produção de vinho da região.
Quatro cidades estão totalmente dentro da DOC de Chianti Classico (Greve in Chianti, Radda in Chianti, Castellina in Chianti e Gaiole in Chianti) e outras cinco possuem partes dentro de denominação: Tavarnelle in Val di Pesa, San Casciano in Val di Pesa, Barberino Val d’Elsa, Poggibonsi e Castelnuovo Berardenga.
Diante de tudo isso, como fica então o adágio: “Galo que fora de hora canta, cutelo na garganta”? Em Florença, pelo menos, não há nada disso, muito menos um outro clássico popular: “cozinhar o galo”. Lá, “cantar de galo” é lei.
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Chianti Classico Gran Selezione assinado por Cecchi, Valore di Famiglia nos brinda com um vinho potente, longevo e elegante. Com taninos firmes e ótima acidez, revela notas de frutas vermelhas maduras, além de especiarias e toques defumados e de tabaco.
Este é um 100% Sangiovese, com estágio de 15 meses em carvalho, 3 meses em tanques de cimento e 1 ano em garrafa.
Chianti Rufina é uma das denominações mais prestigiosas do Chianti e pelas mãos de Frescobaldi, que explora cada canto da Toscana com excelência, ganha ainda mais classe e expressão. Este é um blend de Sangiovese com pequenas partes de outras variedades e estágio de 24 meses, parte em tanques de inox e parte em barricas de carvalho.
Fluido e gostoso de beber, mostra cerejas negras seguidas de notas florais, de alcaçuz, de ervas e de especiarias doces. Estruturado e jovem, tem taninos de grãos finos, acidez refrescante e final fluido e vertical, com toques terrosos, de giz e de tabaco.