Entenda os diferentes tipos de Vinho do Porto

Porto não é Porto apenas? A princípio, sim, mas existem Portos diferentes como Ruby, Tawny, LBV, Vintage, Reserva ...

Arnaldo Grizzo Publicado em 25/03/2022, às 10h00 - Atualizado em 11/01/2024, às 13h00

Vinhos do Porto apresentam diferenças e estilos -

Vinho do Porto é praticamente uma entidade. Uma bebida tradicional de história riquíssima que fez e faz parte da cultura de muitas famílias, mesmo aquelas que não costumam “beber vinho”.

Sim, pois o Vinho do Porto pós-refeição é um costume enraizado por muitos, uma herança cultural que remete aos nossos antepassados e permanece até hoje. Mas que tipo de Porto você bebe?

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Essa pergunta pode parecer estranha para alguns. Como assim? Porto não é Porto apenas? A princípio, sim, pois, em suma, Vinho do Porto é um vinho licoroso produzido na região demarcada do Douro.

Em seu processo, há pontos cruciais como a interrupção da fermentação do mosto pela adição de aguardente vínica (o que lhe dá a doçura característica, pois não se consome todo o açúcar da fruta), a mescla de uvas e os períodos de estágio e envelhecimento. Porém, há uma diversidade de tipos.

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Os diferentes estilos de Vinho do Porto derivam essencialmente das várias formas de envelhecimento. O seu notável potencial de envelhecimento e o fato de ser fortificado significam que o Porto continuará a melhorar em madeira, cuba ou garrafa durante muito tempo. A escolha do período de envelhecimento e do recipiente de envelhecimento determinará os sabores e aromas do Porto. 

Antes, porém, devemos também apontar que há Portos não tintos. Sendo assim, vamos esmiuçar as diferenças para que você escolha o que mais lhe agradar.

O Rio Douro e os vinhedos que produzem os Vinhos do Porto

Variações de cor e doçura 

Muitos estão acostumados a pensar em Vinho do Porto apenas como um vinho tinto. Todavia, também há vinhos brancos e rosados. Mesmo a cor dos tintos pode variar bastante, indo de tons vermelho escuro até bem claros e amarronzados.

O mesmo ocorre com os brancos, que podem ser pálidos ou ainda de um dourado bem intenso, chegando ao âmbar. Em termos de doçura, o Vinho do Porto pode ser muito doce, doce, meio-seco, ou extra seco. A doçura do vinho está condicionada ao momento de interrupção da fermentação. Confira a tabela para entender melhor essa classificação. 

Classificação por doçura 

Branco

O Vinho do Porto Branco tem vários estilos associados a períodos de envelhecimento e a diferentes graus de doçura (extrasseco, seco, meio-seco, doce e muito doce ou lágrima) que resultam do modo como é conduzida a sua elaboração. Nos brancos, além da doçura, há também variações de estilo de vinificação que repercutem no perfil do vinho. Existem vinhos com aromas exuberantes e frescos e outros com aromas mais melados e de frutos secos. Eles são bastante usados no tradicional Portônica.  

Categorias especiais do Vinho do Porto Branco

Os vinhos do Porto brancos também podem envelhecer em madeira, tipo Tawny. Eles são assim classificados: 

Rosé

Os rosés são obtidos por maceração pouco intensa de uvas tintas e em que não se promovem fenômenos de oxidação durante a sua conservação. São vinhos para serem consumidos jovens, geralmente com notas de cereja, framboesa e morango. Na boca, são suaves e agradáveis. Geralmente são apreciados frescos ou com gelo. 

Duas categorias de tintos

Os Vinhos do Porto podem ser divididos em duas categorias de acordo com o tipo de envelhecimento: Ruby ou Tawny.

Ruby

Os Ruby são vinhos em que se procura manter a evolução da cor mais ou menos intensa, e manter o aroma frutado e vigor dos vinhos jovens. Neste tipo, por ordem crescente de qualidade, inserem-se as categorias Ruby, Reserva, Late Bottled Vintage (LBV) e Vintage. Os Vintage costumam envelhecer muito bem em garrafa. 

O nome deriva do fato do vinho ter uma cor que lembra a joia rubi por ter um processo de envelhecimento com pouca ou nenhuma oxidação (geralmente até 3 anos em barricas de madeira). É um vinho jovem, rico em aromas que lembram frutos vermelhos, encorpado e de sabor intenso. 

Encorpados, ricos e de tons vermelho escuros, estes vinhos frequentemente resultam de uma seleção dos melhores Vinhos do Porto de cada ano (blend de safras), combinados para criar um vinho potente, frutado e intenso, mas pensado para ser consumido jovem. É envelhecido em barril por cerca de cinco anos.

É um Porto Ruby de um só ano, selecionado pela sua qualidade e engarrafado depois de um período de envelhecimento em madeira que varia de quatro a seis anos. Pode ser consumido jovem, mas alguns continuam o seu envelhecimento em garrafa. O LBV apresenta cores vermelho rubi intensas e é bastante encorpado.

São vinhos de blend que, no momento da aprovação, são encorpados e têm uma cor muito intensa. Antes de serem comercializados passam obrigatoriamente por um estágio de pelo menos três anos em garrafa. Durante esse período, o Crusted cria um depósito na garrafa (crosta) que dá o nome à categoria. 

É o único Vinho do Porto que amadurece em garrafa. Produzido a partir de uvas de um único ano e engarrafado dois a três anos após a safra, costuma evoluir por muitos anos em garrafa. Ele começa com tons de cores intensas e sabores muito frutados, mas, à medida que o vinho matura, a cor evolui para os tons âmbar e a sua fruta adquire maior sutileza e complexidade. 

São vinhos do Porto de alta qualidade, distinguindo-se pelo fato de serem simultaneamente de um só ano e originários de uma única vinha. 

Uma designação pouco usada e também rara. Para poder contar como o nome Garrafeira no rótulo, o vinho precisa vir de uma única safra, envelhecer em madeira de 4 a 8 anos e ainda estagiar em garrafa por, no mínimo, mais 15 anos antes de ir para o mercado. 

Tawny

Os Tawny são obtidos por blends de vinhos de grau de maturação variável e por meio do envelhecimento em cascos ou tonéis. Neles, a cor apresenta evolução e os aromas lembram os frutos secos e a madeira.

As categorias são: Tawny, Tawny Reserva, Tawny com Indicação de Idade (10 anos, 20 anos, 30 anos, 40 anos, 50 anos e Very Very Old – estas duas últimas designações foram aprovadas em 2021) e Colheita.

Eles são vinhos de lotes de vários anos, exceto os Colheita, que se assemelham a um Tawny com Indicação de Idade com o mesmo tempo de envelhecimento. 

Os vinhos reservados inicialmente são muitas vezes marcados com o ano da colheita, mas à medida que se faz novos lotes (misturas) seguidos de lotes de lotes, as características dos vinhos individuais se fundem gradualmente no estilo da casa. Os Tawny então são obtidos a partir de blend de vinhos, geralmente com idade média de três anos e envelhecidos em cascos de carvalho.

Portanto, não apresentam as características do envelhecimento em carvalho em demasia. Durante o processo de envelhecimento, são realizadas várias trasfegas para enaltecer o processo de oxidação e dar ao vinho uma cor dourada. 

As idades dos Tawnies 

As idades mencionadas dos Tawnies 10, 20, 30 e 40 anos, não são as mínimas permitidas na garrafa. Na verdade, são a idade média dos vinhos misturados na garrafa. Em teoria, um Tawny de 30 anos pode ter um Tawny de cinco anos equilibrado por um blend de 55 anos, e pode ter muitas safras diferentes misturadas no mesmo lote.

Os produtores de Vinho do Porto mais conscientes geralmente acrescentam um ou dois anos à idade média do vinho misturado nas suas garrafas. Portanto, em vez de ter um de 20 anos apenas para atender ao requisito, pode adicionar um pouco de Tawny com idade extra que pode, na verdade, chegar a 22 anos, por exemplo.

Os vinhos Reserva têm qualidades superiores ao Tawny e as suas tonalidades variam de acordo com os processos de vinificação. O Reserva é obtido a partir de blends de vinhos com idade média de cinco a sete anos. 

Com um pouco mais de evolução do que o Tawny Reserva, estes vinhos possuem semelhanças gustativas e aromáticas, mas são um blend com vinhos de média de idade de dez anos. O período de envelhecimento em madeira é variável e a idade em que o vinho é classificado resulta da idade média aproximada dos vários vinhos que compõem o blend utilizado. No rótulo também pode usar a indicação Old ou velho. 

Considerados os melhores “custo-benefício” entre os Tawnies, costumam ter frutos e sabores mais evoluídos, concentrados pelo envelhecimento em pequenas pipas de carvalho. Têm grande intensidade de aromas e sabores, que lembra baunilha e frutos secos, equilibrados por notas de carvalho. Seus vinhos têm idade média de 20 anos. No rótulo também pode usar a indicação Old ou velho.

Feitos com alguns Portos selecionados para um envelhecimento mais longo em pipas de madeira. A exposição gradual ao ar concentra e intensifica a sua fruta, originando características mais complexas, como mel e especiarias realçados por aromas profundos de frutos secos. Seus vinhos têm idade média de 30 anos. No rótulo também pode usar a indicação Very Old ou Muito velho.

A classificação de idade mais alta dos Portos Tawny resulta em vinhos concentrados e complexos. Muito intensos, enchem o paladar de sabores. A idade média, obviamente, é de 40 anos. No rótulo também pode usar a indicação Very Old ou Muito velho.

Diante de um número crescente de produtores que vêm engarrafando lotes cada vez mais antigos, em 2021 o Instituto do Vinho do Porto e do Douro criou mais duas novas classificações para os Tawnies. Aqui temos vinhos com idades médias de 50 anos. No rótulo também pode usar a indicação Very Old ou Muito velho. 

Esta designação, que pode ser abreviada em VVO, é permitida para vinhos com mas de 80 anos de idade, mas sem indicação da idade específica. 

Estes Tawnies de uma só colheita são envelhecidos em cascos por um período mínimo de sete anos. Mas a maioria dos Colheitas é envelhecida por muito mais tempo e, com uma gestão cuidadosa, pode ser engarrafada após 50 ou 100 anos. Duas datas aparecem no rótulo: o ano da colheita e o ano do engarrafamento. Este último é significativo, pois o vinho geralmente não melhora na garrafa. Eles também são conhecidos como “single harvest”.

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