Equipe degusta e analisa mais de 400 rótulos, muito além de Rioja e Ribera del Duero
Redação Publicado em 22/08/2021, às 09h20 - Atualizado às 09h45
O Guia ADEGA Espanha traz o que há de melhor no país Ibérico
Talvez não seja novidade dizer que alguns dos melhores vinhos da Espanha venham ou de Rioja ou de Ribera del Duero.
Essas duas regiões tradicionais do vinho espanhol concentram alguns dos mais aclamados produtores e também alguns dos principais ícones do país. Mas não podemos nos esquecer que a vitivinicultura espanhola vai muito além.
Em um dos países que mais produzem vinho no mundo, há plantações de norte a sul, leste a oeste, e até mesmo em suas províncias ultramarinas. E grandes vinhos em muitas denominações que, às vezes, passam despercebidas do grande público.
Assim como havia feito em 2020 com o lançamento do ADEGA Portugal – Guia de Vinhos, neste ano nos vem o que há de melhor no mercado em vinhos espanhóis.
A equipe de ADEGA recebeu mais de 400 amostras das mais variadas regiões, disponíveis para venda no Brasil, e assim compôs este novo guia que revela um panorama interessante da vitivinicultura da Espanha.
Vinhedos em uma das ´principais regiões vitivinícolas da Espanha, Ribeira del Duero
Rioja e Ribera, obviamente, destacam-se – muito também por serem as principais fontes e terem mais rótulos disponíveis por aqui. Nomes clássicos como Marqués de Murrieta, López de Herdia, Aalto, CVNE, Dominio de Pingus etc., estão entre os rótulos mais prestigiados, amealhando o topo do ranking em algumas categorias, mas houve boas surpresas, especialmente da região de Bierzo e Madrid, assim como do Priorat e Rías Baixas.
Ou seja, uma prova de que é possível encontrar grande qualidade em regiões muitas vezes menos badaladas.
Para se ter uma ideia, dois tintos “empatam” como os melhores pontuados do guia, ambos com 97 pontos.
O primeiro é o icônico Castillo de Ygay Gran Reserva Especial 2010, da vinícola Marquês de Murrieta. Um vinho especial, feito somente em safras consideradas excelentes, ele tem uvas Tempranillo (85%) e Mazuelo (15%) provenientes de La Plana, um vinhedo único de 40 hectares, plantado em 1950 e localizado em um planalto no ponto mais alto da Finca Ygay, a 485 metros acima do nível do mar. O vinho estagiou por 24 meses em barricas de 225 litros de carvalho americano e francês e foi engarrafado em 2015, aguardando desde então o momento certo para ir ao mercado.
A enóloga María Vargas diz que as condições da safra 2010 tornam este Ygay inesquecível. Foram produzidas cerca de 130 mil garrafas. Para saber um pouco mais sobre esse vinho e sua história, confira a entrevista exclusiva que fizemos com Vicente Dalmau Cebrián-Sagarriga, presidente da vinícola, nesta edição.
Rioja é famosa por produzir grandes vinhos
O outro vencedor é o Post-Crucifixión 2018, um vinho feito pelos irmãos Michelini (isso mesmo, os argentinos!) em Bierzo.
O projeto de Bierzo nasceu em 2015 quando Andrea Mufatto e Gerardo Michelini se apaixonaram pela região, especificamente por alguns lugares em Ponferrada como Valdecañada e Ozuela, onde encontraram vinhas velhas com mais de 80 anos que crescem num solo composto de ardósia e argila. Em Toral de Merayo, um prédio do século 18 foi adaptado às necessidades de uma vinícola e lá os vinhos são fermentados em ânforas de barro e envelhecidos em barricas usadas da Borgonha. São produzidos cinco rótulos com base em uvas locais.
O Post-Crucifixión tem 50% Mencía, 10% Palomino, 20% Merenzao, 10% Brancellao, 10% Godello de vinhas pré-filoxera. Ele é fermentado 100% em cachos inteiros com pisa a pé e leveduras autóctones em ânforas. Há maceração com peles e polpa por 10 meses e posterior envelhecimento por três meses em tonéis franceses usados de 500 litros. Apenas 593 garrafas foram feitas.
No entanto, não é apenas este vinho que se destaca em Bierzo. A região tem uma série de vinhos com excelente pontuação. O segundo melhor vinho pontuado daqui é o Dominio de Anza Finca El Rapolao (95 pontos), de Diego Magaña.
O Priorat também tem vários entre os mais bem pontuados do guia, começando com o Clos Mogador (96 pontos), de René Barbier, e outros como Les Terrasses (94 pontos), de Alvaro Palacios, por exemplo.
Falamos tanto de vinhos tintos espanhóis que, muitas vezes, não nos damos conta de que há outras vertentes de alto padrão, como brancos, rosés, espumantes e fortificados.
Bierzo é uma das regiões espanholas que produzem grandes vinhos
Um belíssimo exemplar de Albariño de Rías Baixas, por exemplo, o Pazo de Señorans Selección de Añada Albariño (95 pontos) é o melhor branco do guia.
O Chivite Las Fincas Rosado (93 pontos), de Navarra, é o melhor rosé.
O Regente Palo Cortado de Sanchez Romate (94 pontos) mostra a qualidade dos vinhos de Jerez em seu esplendor.
A disputa mais acirrada está entre os espumantes, com três belos exemplares dividindo o prêmio com 92 pontos, cada: Freixenet Reserva Real Brut, Loxarel Vintage Reserva Brut Nature e Segura Viudas Reserva Heredad Brut.
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