Inédito: vinícola da Espanha lidera ranking Liv-ex Power 100

Vega-Sicilia apareceu na 1ª posição, normalmente ocupada por marcas da Borgonha

Redação Publicado em 09/12/2024, às 07h40

Líder do Power 100, a vinícola Vega Sicilia fica perto do Rio Douro, na Espanha - Divulgação | Vega Sicilia

Pela primeira vez na história, uma vinícola da Espanha ficou em primeiro lugar no ranking Power 100 da Liv-ex. A posição foi alcançada por Vega-Sicilia, que desbancou marcas da Borgonha, que normalmente ficam na liderança, a exemplo do que aconteceu nas últimas três edições. A deste ano foi publicada na terça-feira (3.dez.2024).

A lista é uma publicação tradicional no segmento de vinhos finos a nível global, sempre com uma análise de 12 meses. A mais recente abrange o período de 1º de outubro de 2023 a 30 de setembro de 2024. Para chegar à classificação geral, são considerados critérios como preço médio e desempenho de preço, além de valor e volume negociados.

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Localizada na região de Ribera del Duero, a produtora espanhola subiu 55 posições em relação ao ano passado. Nesse período, as vendas aumentaram 324% em volume e 310% em valor. O texto ressalta o rótulo Vega-Sicilia Unico, cuja primeira produção é de 1915, e descarta a possibilidade desse desempenho ser apenas um “fogo de palha”.

“Há muitas descobertas espanholas a serem feitas pelo mercado de vinhos finos. Elas podem muito bem vir da Ribera del Duero e Rioja, mas não necessariamente. Com produtores em ascensão em regiões como Sierra de Gredos e Priorat, a Espanha é um país a ser observado de perto”, afirma a Liv-ex.

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Além da presença espanhola na liderança, o outro principal destaque deste ano diz respeito à Itália, que teve o maior ganho no ranking, ocupando 22 das 100 posições – nove a mais que em 2023. As marcas italianas Gaja (Piemonte) e San Guido (Toscana) ficaram em segundo e terceiro lugares, respectivamente.

“O país está pisando nos calcanhares da Borgonha e de Bordeaux. Enquanto a Toscana, em particular o Brunello, fez os maiores ganhos, um olhar mais aprofundado revela um conjunto de produtores italianos longe de ser homogêneo, considerando aqueles que entraram na lista deste ano”, diz o texto de apresentação.

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Na comparação a 2023, Borgonha e Bordeaux perderam sete e cinco representantes, respectivamente. Apesar das quedas, as duas regiões francesas continuam sendo as mais representativas no ranking, pelo menos desde 2018. Neste ano, juntas, elas somaram 55 vinícolas, sendo 30 da Borgonha e 25 de Bordeaux.

No geral, apenas 11 marcas conseguiram aumentar o preço médio nos últimos 12 meses, o que pode ser explicado pela crise que o segmento enfrenta desde 2022. No cenário, a Liv-ex aponta que o número de negociações cresceu 7,9% em 2024, mas que o volume negociado caiu 6,5% em 2024, na comparação com o ano anterior.

“À medida que a confiança se dissipou no mercado, os participantes foram em direção a marcas que representam apostas menos arriscadas. Volume, liquidez, herança e preços que convidam à abertura de garrafas são o cartão de visita. Com o mercado ainda procurando por um ponto de virada, é improvável que os participantes mudem de rumo”, concluiu a Liv-ex.