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  • Ribera del Duero: o lado espanhol do Douro

    Assim como em Portugal, rio Douro banha as terras espanholas de Ribera del Duero de belas paisagens e vinhos clássicos

    por Aguinaldo Záckia Albert

    O rio Douro português, que cruza o norte do país e deságua no Atlântico na altura da cidade do Porto, nasce, na verdade, no coração da Espanha e ganha ali o nome de Duero. Este belo e abençoado rio banha, em ambos os países, as mais importantes regiões produtoras de vinho da Península Ibérica.

    Em terras espanholas, a Ribera del Duero faz parte de uma região maior, Castilla y Leon, que também engloba as zonas de Rueda, Cigales, Bierzo e Toro, cada qual com sua "Denominación de Origen". Castilla y Leon é a comunidade autônoma com maior número de áreas vinícolas do país e sua produção nos lembra um mosaico que prima pela variedade de estilos de vinho, uvas e métodos de elaboração.

    Veja também:

    + A personagem da Tempranillo

    + Douro/Duero e os vinhos de Espanha e Portugal

    + Degustação de vinhos das regiões do Douro e Duero

    Já no século XVI seus vinhos começam a ganhar notoriedade, principalmente os brancos de Rueda e os tintos escuros e potentes de Toro. Nos séculos XVIII e XIX, a voga era outra. Os vinhos mais leves e de coloração mais pálida tomam o lugar dos tintos fortes e de muita extração. Brilham então os claretes de Valladolid e de Burgos, ao lado dos vinhos "agulhados" de Leon e Zamora.

    fotos: divulgação
    Na Ribera del Duero, a maior parte do solo é do tipo calcário, arenoso, bastante pobre, com baixa fertilidade, formado no período terciário. O clima é do tipo continental, com estações bem definidas e com baixa pluviosidade (500 mm/ano). A insolação recebida pelos vinhedos é bastante intensa

    Protegida da praga da filoxera por alguns anos devido à sua condição de terra isolada e interior, a região sucumbiu, no entanto, a ela no final do século XIX e início do XX. O golpe foi violento para os vinhateiros e a produção de vinho se reduziu ao mínimo. A estagnação se agravou com a política econômica adotada pelo regime de Franco, que privilegiava a produção de cereais em detrimento do vinhedo, fato semelhante ao ocorrido em Portugal com relação à região do Alentejo durante o salazarismo.

    Foi, no entanto, nessa época, em 1864, que se plantou, em Valbuena de Duero, Valladolid, a semente (ou o sarmento) que iria transformar a região de Ribera del Duero e colocá-la no mapa do vinho mundial. Ela se chamava Vega-Sicilia, da qual falaremos mais adiante.

    Solo e clima

    Na Ribera del Duero, a maior parte do solo é do tipo calcário, arenoso, bastante pobre, com baixa fertilidade, formado no período terciário. Terrenos sedimentares de cascalho, argila e gesso também são encontrados. A região se situa num altiplano a 800 metros acima do nível do mar. O clima é do tipo continental, com estações bem definidas e com baixa pluviosidade (500 mm/ano). A insolação recebida pelos vinhedos é bastante intensa.

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    Uvas e vinhos

    Na região predominam as uvas tintas, sendo a Tempranillo a principal delas - conhecida também pelos nomes de Tinta del País ou Tinto Fino. Essa variedade se adaptou de maneira perfeita ao duro microclima da região. Seu rendimento é de média quantidade e muito regular.

    A casta suporta bem o frio brotando de forma tardia e se previne dos rigores do outono com uma maturação precoce. Dá origem a vinhos de alta qualidade de cor cereja, brilhantes, com aromas de frutas vermelhas bem maduras, bom corpo, acidez equilibrada e boa estrutura tânica, que lhes confere bom potencial de guarda.

    A seguir, aparece a Garnacha (a mesma Grenache do sul da França), além das variedades bordalesas Cabernet Sauvignon, Merlot, Malbec e Petit Verdot. As castas brancas Albillo e Verdejo são também cultivadas. A região próxima à cidade de Burgos produz bons vinhos rosados, com muita fruta e frescor, a partir das variedades tintas.

    Tempranillo - conhecida também por Tinta del País ou Tinto Fino - se adaptou de maneira perfeita ao duro microclima da região

    Vega-Sicilia, a grande estrela

    Fundada por Eloy Lecanda em 1864, a bodega passou por várias mãos até os nossos dias, estando desde 1982 sob o comando da família Alvarez. No ano de sua fundação, Toribio, filho de Eloy, adquire em Bordeaux 18 mil mudas das uvas Cabernet Sauvignon, Malbec, Merlot e Pinot Noir e as planta em suas terras com o objetivo de produzir brandy. A propriedade tem mil hectares de área, sendo 250 cobertos por vinhedos e o restante por florestas e nogueiras.

    A produção de vinho tinto começou um pouco depois e, já nas primeiras décadas do século passado, alcançava grande prestígio. Os vinhos Vega-Sicilia Único e Valbuena surgiram em 1915, concebidos no estilo dos vinhos da Rioja, a região vedete dos vinhos da Espanha na época.

    A Ribera del Duero teve de esperar até os anos 1980, quando finalmente seus vinhos foram alçados à categoria D. O. (Denominación de Origen), para firmar seu prestígio. Na trilha dos vinhos de qualidade - aberta pelos pioneiros - surgiram outros grandes nomes. Torremilanos, Protos, Pesquera de Duero, Pérez Pascuas, Bodegas Mauro, Alión, entre outras.

    fotos: divulgação

    A Vega-Sicilia é a empresa ícone da região e produz três vinhos. O Vega-Sicilia Único é a grande referência. Elaborado com 80% da uva Tinto Fino (nome que a Tempranillo ganha na região) mais parcelas das uvas Cabernet Sauvignon, Merlot e Malbec. Trata-se de um vinho espetacular, verdadeiramente grande, capaz de envelhecer por muitas décadas. Quando se prova, por exemplo, a última safra posta no mercado, a de 1999, pode-se aquilatar toda sua elegância e fineza.

    Os vinhos Vega- Sicilia Único e Valbuena surgiram em 1915, concebidos no estilo dos vinhos da Rioja, a região vedete dos vinhos da Espanha na época

    O vinho é feito a partir das uvas dos vinhedos mais velhos e a proporção da uva Cabernet Sauvignon é maior do que a Merlot quando o comparamos com o Valbuena. São sete anos em barricas de carvalho americano e mais três anos e meio de criação em garrafa. É preciso ter estrutura para tanto.

    O Vega-Sicilia Reserva Especial é um vinho de assemblage, feito com a mescla das melhores safras do Único, e tem preço semelhante. O Valbuena é um pouco menos estruturado - mas também excelente, com muita fruta e complexidade - passando por três anos e meio em barricas de primeiro uso de carvalho francês e mais um ano e meio em garrafa. Custa a metade do preço do irmão mais velho e é delicioso.

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    A proposta Alión

    Com os olhos no século XXI, a família Alvarez comprou, em 1992, a Bodega Liceo, fundada dois anos antes, e situada em Peñafiel, a poucos quilômetros de Vega-Sicilia. A bodega atendia aos rígidos padrões de qualidade dos novos donos e foi rebatizada de Alión. O projeto arquitetônico da vinícola dá uma idéia da modernidade do vinho. Vega-Sicilia fica em meio a um parque paradisíaco e tem sua sede num vetusto casarão do século XIX. Alión é moderno e arrojado, concebido com muito bom gosto e seus padrões de qualidade são tão rígidos quanto os da matriz.

    Vega-Sicilia, Torremilanos e Abadia Retuerta são boas opções de vinícolas para serem visitadas na região de Ribera del Duero

    O clima é também semelhante e os vinhedos foram plantados em solo pedregoso e franco-arenoso, de boa drenagem, formado pelo acúmulo de sedimentos trazidos pelo rio Duero por séculos e séculos. É feito apenas com a uva Tinto Fino e as barricas são de carvalho francês de primeiro uso e sua "criação" é mais curta. Com um estilo mais moderno do que o Vega, mas com o mesmo perfil elegante, o Alión é um sucesso de público e crítica.

    A simpática Yolanda Perez é a encarregada das exportações da empresa, morou no Brasil por 19 anos e fala português fluente. Lá, além do mítico Vega-Sicilia Único 1999, degustamos dois vinhos de novas empresas do grupo: o húngaro Oremus 2006 Mandolàs Tokay Dry, de bela coloração amarela-dourada, com muito brilho, aromas minerais, de amêndoas e damasco. Amplo e complexo na boca. Também o novo rebento espanhol, fruto da nova bodega e com D.O. Toro (uva Tinta de Toro), o Pintia 2006, escuro, com muita fruta e notas de chocolate amargo, muito potente e quase mastigável. Um belo tinto.

    Torremilanos

    Mais a oeste, bem próximo à cidade de Aranda del Duero, vamos encontrar uma das fincas pioneiras na produção de vinhos de alta qualidade da zona. Trata-se da Finca Torremilanos, de propriedade das Bodegas Peñalba Lopez. Fundada em 1903, foi adquirida pela família Peñalba Lopez em 1975 e é comandada hoje pela matriarca Pilar Albéniz e seus dois filhos.

    Em meio aos mais de 200 hectares de vinhedos e jardins, erguem-se imponentes as construções de pedra, em estilo clássico, da bodega e do hotel quatro estrelas, onde também funciona um belíssimo restaurante que serve ótima comida ao turista de vinho e aos gourmets da região.

    fotos: divulgação
    Acima: adega da Torremilanos. No alto à esquerda: vista da Abadia Retuerta. As outras fotos: detalhes do vinhedo e do edifício de Vega-Sicilia

    É um local ideal para se hospedar, bem próximo das principais bodegas, além do fato de o hotel funcionar anexado a uma delas, o que facilita enormemente a vista. Embora tenha bom porte, a condução dos negócios é feita pela família, que oferece uma atenção diferenciada aos visitantes.

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    As visitas do enoturista ali transcorrem de forma tranquila e descontraída. Podem ser visitados os vinhedos, as áreas de vinificação e criação, e também a tanoaria, onde se pode acompanhar a elaboração artesanal das barricas de carvalho francês, passo-a-passo. Sem dúvida, uma experiência muito interessante e pouco comum.

    As degustações são conduzidas por Ricardo Peñalba, filho de dona Pilar, e costuma se iniciar na própria bodega, com a prova de alguns vinhos novíssimos, saídos das cubas, e alguns outros recentemente colocados em barrica. Uma dica é almoçar ou jantar no próprio restaurante da bodega, onde se come muito bem.

    A medieval Abadia Retuerta

    Localizada a três quilômetros do povoado de Sardon de Duero, na província de Valladolid, encontramos a famosa Abadia Retuerta. O monastério de Santa Maria de Retuerta é uma das obras mais expressivas do estilo românico e foi fundado em 1146. À sua volta, os monges nunca deixaram de cultivar a videira e de produzir vinhos, até que a Abadia fechasse suas portas, em 1901.

    Em 1988, a gigante multinacional de produtos farmacêuticos Novartis comprou a propriedade e pôs em andamento um ambicioso projeto. Restaurou a antiga abadia e retomou o projeto vitivinícola contratando o famoso enólogo francês Pascal Delbeck (ainda consultor da empresa) e projetou a moderníssima bodega onde hoje são produzidos seus ótimos vinhos. Dentre eles, merecem destaque o Pago Negralada, o Selección Especial, o Petit Verdot e o Cuvée Palomar. Um local fascinante que alia tradição histórica, cultura e bons vinhos, que merece uma visita.

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